sábado, 9 de março de 2019

#Resenha - São Paulo - O Apóstolo dos Gentios - Alphonse Tricot e Didaqué, Ou Instrução dos Doze #Catholicpost

      Boa tarde a todos! Como estão? Espero que bem. Primeiro de tudo, feliz dia da mulher atrasado para nós. Em breve teremos postagem sobre um livro que fala muito sobre o "ser mulher" - aliás, segundo minhas contas, serão mais de uma - sob o ponto de vista católico, mas não hoje. Hoje quero falar desse livro que nós, assinantes do Minha Biblioteca Católica, recebemos no mês de março, falando sobre a vida e o contexto de São Paulo, acompanhado da Didaqué, Ou Instrução dos Doze, considerado o primeiro catecismo cristão (e que é mais difícil de achar do que uma nota de cem novinha em folha na rua).
       Primeiro de tudo, gostaria de resumir um pouco a história sobre como esse livro veio parar na minha mão, antes de explicar por que raios eu terminei um livro de 240 páginas em aproximadamente uma semana, feito que não faço há pelo menos uma década (o livro Três Monges Rebeldes , que veio para os assinantes em Janeiro, com 80 páginas a mais que esse de São Paulo, precisou de mais de um mês para ser concluído).
       Assino o Minha Biblioteca Católica desde novembro do ano passado, quando editaram em sua típica edição de luxo o livro Caminho de Perfeição (que era para eu ter terminado entre Dezembro e Janeiro no máximo, mas ainda não terminei, e vou falar sobre isso quando terminar), livro que queria ler havia pelo menos uns quatro anos. Desde então, mensalmente recebo os livros que eles editam, e posso garantir que, do ponto de vista espiritual, são livros excelentes. Além disso, os livros que foram lançados anteriormente podem ser adquiridos pelos assinantes, contanto que tais livros estejam disponíveis na loja virtual (o que nem sempre é fácil de acontecer, então se tiver algum que te interesse por lá, compre antes que acabe e nem eles saibam quando conseguirão reimprimí-los), no mesmo preço da assinatura mensal, e esse é um dos pontos mais legais sobre o clube na minha opinião.Os que ainda quero comprar, mas que já se esgotaram, são: as Confissões, de Santo Agostinho - que de brinde inclui a biografia de Santa Mônica, sua mãe - ; um livro narrando sobre a história de Nossa Senhora de Fátima; Perguntas e Respostas + A Escola Sem Deus, de Monsenhor de Ségur; e o História de Uma Família, contando a história da família de Santa Teresinha do Menino Jesus (obs: quando tive o dinheiro pra comprar, já não estava mais disponível).
       Até hoje só tive um problema comprando os livros: a operadora do cartão processar a compra, mas não o sistema da loja devido a problemas com a minha conexão, o que impedia o clube de cancelar a compra, bem como a operadora do cartão, mas quando a fatura foi paga, apareceu para o clube, e me mandaram os dois livros que solicitei: Vida e Paixão do Cordeiro de Deus, de Anna Catarina Emmerich + O Calvário e a Missa, do Venerável Fulton J Sheen; e o História de Uma Alma, biografia de Santa Teresinha do Menino Jesus. (estão na minha lista de leitura desse ano, então esperem pela resenha). E que sirva de lição: comprar qualquer coisa pela internet num dia em que a velocidade de conexão está mais lenta que o trânsito da Paulista na hora do rush é uma das piores ideias que se pode ter.
       Passado esse não muito pequeno resumo, vamos ao problema de fato: eles tiveram um problema no sistema de processamento de compras deles entre o final de janeiro e início de fevereiro, o que fez com que alguns assinantes não recebessem o box de fevereiro (biografia de Dom Bosco + O Cristão Bem Preparado para a prática dos seus deveres, escrito pelo próprio Dom Bosco) no prazo normal (que no meu caso, é começo do mês). Eu estava entre eles, e meu box de fevereiro chegou na primeira semana de março, enquanto que o livro de março veio com a compra do livro com a biografia de São Francisco de Assis, quase no fim de fevereiro. Como a biografia de Dom Bosco (que é santo, diga-se de passagem) possui mais de 500 páginas, e nem sou tão devota dele assim, a ponto de estar muito ansiosa por sua biografia (como devota de Santa Teresa de Ávila, a ansiedade quase me comeu até a chegada do livro), resolvi começar a ler esse livro sobre São Paulo, que, por se tratar também da história do começo da Igreja, me deixou bastante curiosa.
       O livro nos conta a história de São Paulo, desde suas origens, passando por sua formação, o que se sabe de sua vida anterior à sua conversão, o encontro com Cristo no caminho de Damasco, sua mudança de vida, sua forma de evangelizar e sua relação com as pessoas que encontrou, até o seu martírio, ocorrido no ano 67 da era cristã. É um trabalho historiográfico, por assim dizer, escrito de forma simples e clara, numa narrativa linear e bastante explicativa quanto ao contexto histórico em que São Paulo e a nascente Igreja estavam inseridos. Houve momentos em que eu, assim como aqueles que vão ler esse livro, tive informações sobre a história da Igreja que eu nunca havia ouvido falar, e se havia ouvido falar, não suspeitava que pudessem ser verdadeiras, mas considerando que seu autor é alguém de renome no meio acadêmico, e que não houve nenhuma obra refutando qualquer ponto do que consta em sua biografia de São Paulo, não há muitos motivos que nos façam duvidar de sua veracidade, o que nos revela um outro panorama sobre muito do que conhecemos sobre a Igreja.
       O que mais me chamou a atenção no livro, dentre todas as coisas, não foi exatamente a história, mas o fato de que ela ainda está acontecendo. Paulo de Tarso pode não ser mais um homem de carne e osso, mas muito do que aconteceu em seu tempo ainda acontece. A Igreja ainda enfrenta perseguições, como naqueles tempos, e ainda lida com gente que está dentro dela, mas que mais atrapalha do que ajuda. Muito do que a Igreja fazia naquela época, no tocante à evangelização e na relação uns com os outros e na sociedade, ainda é feito, guardadas as devidas proporções. A Igreja ainda é a mesma. Os discípulos, ainda são os mesmos. Os problemas, idem.
       Há muito que eu ainda gostaria de falar sobre o livro, e como ele se relaciona com nossa realidade, mas não vou fazê-lo porque caso o fizesse, daria inúmeros spoilers sobre a trama, e por mais difícil que isso seja, definitivamente é algo que não faço, podem revirar os arquivos do blog, não tem uma resenha que seja onde conto algum spoiler de algum livro, no máximo cito algum personagem que ninguém fazia ideia de que existia. No mais, recomendo a leitura deste livro, e acho que, assim como o As Sete Lâmpadas da Santificação, é um livro que deve ser lido tanto por católicos quanto por não católicos, uma vez que oferece um panorama muito rico e interessante sobre esse período da história.
       Quanto à Didaqué, é bem sucinta e resume bem o espírito e os intentos da época em que foi escrita, e acredito que muitos dos que acham que a Igreja "é severa demais" hoje, achariam que ela é até "branda demais" nos dias de hoje, dado o conteúdo da Didaqué. Ele era bem mais incisivo e firme do que o Catecismo atual (não cito o de Pio XII porque ainda não li, nem dei uma olhada, então não tenho conhecimento o suficiente para discutir a respeito), apesar de o espírito de ambos os textos ainda ser o mesmo. (E o mapa que acompanha o box me deixou bastante perdida, obrigada)

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

#Resenha - A História do Ladrão de Corpos (The Tale of the Body Thief) - Anne Rice

      Olá a todos! Como vão? Espero que bem nesses dias pré-carnaval. A resenha de hoje já estava planejada há um tempo, mas no meio das inúmeras leituras iniciadas e adiadas, acabei não tendo como escrevê-la antes. Mas antes tarde do que nunca, não é?
       No quarto livro da série sobre as Crônicas Vampirescas - ou The Vampire Chronicles, como preferirem, encontramos Lestat de Lioncourt lidando com os impactos causados pelos eventos do terceiro livro, Rainha dos Condenados, enquanto desenvolve uma relação de proximidade com o mortal David Talbot, líder da Talamasca (se você ainda não leu esse livro sobre o qual estou fazendo a resenha, e está perdido quanto aos personagens que acabei de citar, clique aqui). Nesse ínterim, ele conhece Raglan James, um homem que afirma ser capaz de trocar de corpo com qualquer um que queira fazer tal troca, e que propõe ao vampiro que troquem de corpo. Tentado com a possibilidade de ser humano novamente, Lestat aceita a proposta, e é a partir desse ponto que a história acontece.
       Muitos dizem que não é necessário ter lido nenhum outro livro das Crônicas antes de ler esse livro, mas preciso avisá-los de que estão redondamente enganados. Não só é necessário ler os outros livros, como também os dois primeiros da série dos Bruxos Mayfair, uma vez que há eventos em Ladrão de Corpos que remetem a esses livros. Você não conseguirá entender a maneira como Louis reage à visita de Lestat, se não tiver lido os três livros anteriores das Crônicas e souber quem é Louis e como é a relação entre os personagens, por exemplo. Ainda que a narrativa de Ladrão de Corpos não pareça ter muita relação com as narrativas anteriores, a narrativa desse livro está diretamente ligada a desses outros três. Pode não ser uma narrativa tão "eletrizante" quanto a dos outros três livros - como citei na resenha de Rainha dos Condenados, parece que era para as Crônicas terem terminado lá - , mas ainda sim é uma narrativa das Crônicas. 
       O livro explora bastante a visão que Lestat tem sobre a própria vida e o mundo a seu redor em 1991, mas talvez o ponto mais interessante seja a história de David Talbot. O misterioso líder da Talamasca é muito bem expolorado nesse livro, assim como a rica relação entre o homem e o sobrenatural, que não apenas permeiam as narrativas de Anne Rice, como também fazem com que as narrativas sobre vampiros sejam muito mais narrativas sobre a humanidade em si e seus limites e falhas.
       Já vou avisando que esse livro contém um teor sexual maior que os anteriores, teor esse que começa a ser explorado de verdade na obra de Anne Rice em "A Hora das Bruxas"(The Witching Hour), mas ao contrário de boa parte das obras do cinema e televisão contemporâneos, não é algo que cai de pára-quedas no meio da narrativa e te deixa perdido e envergonhado. O sexo aqui é algo que surge dentro de um contexto, e serve como medida de comparação entre o modo como homens e vampiros não apenas enxergam e vivem a vida, mas também como a forma que enxergam o mundo. É uma leitura interessante, um pouco mais profunda do que as anteriores, mas vale à pena.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

#Resenha - Expert em vinhos em 24 horas - Jancis Robson

Potterheads entenderam (e curtiram) a referência
      Boa noite a todos! Como estão? Espero que bem. Sei que esse horário é pouco usual para as postagens, mas foi o melhor que deu para fazer hoje rs... Terminei esse livro há uns dias, mas ainda não havia conseguido escrever nada, mas agora foi!
      Esse livro já tem pelo menos uns dois anos que está na minha estante esperando para ser lido. Se não o comprei no último ano de faculdade, foi logo depois que me formei. O interesse veio quando apareceu o livro Wine Folley na livraria daqui, somado a um comentário do meu pai sobre o fato de que entender alguma coisa de vinhos talvez fosse ser útil para nós em algum momento. Escrito por Jancis Robinson, o livro traz um resumo bastante completo sobre como são produzidos os vinhos, o significado dos termos mais comuns usados pelos degustadores, nomes de uvas, locais de produção, dentre outras informações deveras interessantes para aqueles interessados no mundo do vinho. O livro é pequeno, de capa dura, e as folhas tem uma textura similar às de páginas de uma revista, porém um pouco mais espessas.
       A grande verdade é que eu esperava mais desse livro. Não sei se foi o fato de que a grande maioria dos vinhos descritos no texto são vinhos que não se encontra por aqui onde moro, mas o fato é que se eu for no supermercado hoje comprar um vinho para qualquer motivo que seja, eu não terei a menor ideia do que escolher. OK que a parte que trata sobre harmonização com comida - que comida combinar com cada vinho - é bastante útil, mas esperava ser capaz de associar o que li com o que vejo nas prateleiras. Pode ser também que eu precise dar uma volta no corredor de vinhos, listar o que vi, e comprarar em casa depois, mas o fato é que achei que a leitura tornaria o "procurar um vinho para evento x" algo mais fácil. O pósfácio, a meu ver, foi mais interessante que o próprio livro, uma vez que conta a relação entre o vinho e a história do Brasil, e a parte que trata das regiões vinícolas também é de grande valia para quem pensa em fazer uma viagem orientada para a degustação de vinhos. No mais, talvez valha uma segunda leitura.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019

#Resenha - Três Monges Rebeldes - Pe. M. Raymond e Sentenças e fragmentos dos Escritos - São Bernardo de Claraval #Catholicpost

      Bom dia a todos! Como estão? Espero que bem. Apesar de esse livro ter sido da meta de Janeiro, eu só consegui terminá-lo essa madrugada, e já cheguei à conclusão de que vou ler de acordo com a minha vontade, apesar de ter traçado uma ousada meta de leitura anual. Dito isso, vamos à resenha de fato.
      Publicado pelo clube de leitura católico "Minha Biblioteca Católica" (o qual vale super à pena: você paga 59,90 por mês e recebe um livro católico em edição de luxo, mais brindes, que geralmente são outros livros do mesmo autor ou com o mesmo tema, marca página temático, e conteúdo online para assinantes), o livro conta de forma romanceada como foi a fundação da ordem cistercience, uma das várias ordens monásticas da Igreja Católica, e, em certo sentido, uma das mais rígidas depois da ordem cartuxa.
      A primeira surpresa foi descobrir que esse livro é o primeiro, de uma série chamada "A Saga de Cister". Ao contrário de outros títulos do Minha Biblioteca Católica, tais como "Caminho de Perfeição", de Santa Teresa de Ávila (que tenho e já está na lista) e "Confissões" (que ainda não tenho, eles não tem o livro disponível para compra na loja virtual, mas é um dos que quero), essa é a primeira edição do livro no Brasil. Apesar de à princípio não ter me impressionado tanto pela história em si, confesso que à medida em que a leitura foi transcorrendo (o que não foi fácil, dado o calor de 33, com sensação de 39 que tomou conta da minha cidade nesses últimos dias, cidade essa em que as máximas são de 31 com sensação de 33, 35 nessa época do ano), me vi cada vez mais envolvida com os personagens e a história, e quando ela terminou, pela primeira vez em anos me senti "órfã", por assim dizer. A parte estética é incrivelmente bem feita, tornando a leitura ainda mais prazerosa, e o fato de ter como "brinde" esse livreto com trechos de São Bernardo de Claraval, um dos mais ilustres "filhos de Cister", também contribui bastante para esse sentimento.
      A principal característica do gênero literário "saga" é o fato de que não há um personagem principal, mas uma família, um grupo, uma tribo, etc, e com esse livro (cuja capa e história nos remetem bastante aos Três Mosqueteiros) não seria diferente. Nessa história, apesar de São Roberto ser aquele que começa, Santo Alberico e Santo Estêvão Harding são aqueles que não apenas continuam a "rebelião", mas também assumem o protagonismo da história, cada qual à seu tempo. A história e seus personagens são tão vivos, que se Pe. Raymond - magnificamente traudzido pelos monges cisterciences do mosteiro de Nossa Senhora de Nazaré, no Rio Grande do Sul - não cita datas, eventos históricos e certos aspectos que indicam a idade dos personagens, não se percebe a passagem do tempo. O fato de ter lido "Sentenças e fragmentos dos Escritos" antes de começar o livro me deixou bastante ansiosa quanto à perspectiva de encontrar São Bernardo de Claraval na história, e devo admitir que a forma como ele aparece é surpreendente (não, isso não é spoiler, São Bernardo é um monge cistercience, em algum momento ele teria que aparecer em uma história sobre a Ordem), fazendo com que eu torça bastante para que os outros volumes da "Saga" sejam publicado pelo Minha Biblioteca Católica.
      Nesse livro há dois aspectos gerais que realmente me chamaram a atenção. O primeiro é a questão da "rebelião". a Igreja Católica, de forma geral, não vê "rebeliões" com bons olhos, então a pergunta que me fiz foi "como assim um livro católico vem me falar em 'rebelião' como se fosse algo bom?". Lendo a história entende-se que "rebelião" é o modo como a interpretação que os cistercienses deram à Regra de São Bento foi visto naquela época, da mesma forma que a interpretação dada pelos franciscanos ao Evangelho, e em ambos os casos, os "arquitetos" estariam dispostos a desistir de seus ideais caso a Igreja não fosse favorável a eles, ao contrário de Lutero, que mandou todo mundo caçar o que fazer quando a Igreja lhe foi desfavorável. A "rebelião" que desafia a tibieza é bem-vinda. A que te faz viver mais profundamente o Espírito de Cristo é bem-vinda. Por isso, a "rebelião" de Roberto, Alberico e Estêvão Harding foi bem-vinda.
      O segundo aspecto é uma senhora lição para qualquer um: seus protagonistas SEMPRE tiveram pelo menos uma pessoa com quem discutiam as coisas. SEMPRE escolhiam alguém em quem confiar, para fazer as coisas acontecerem. Essas pessoas eram justamente as que mais influenciaram no curso da história, mesmo que não percebamos. Precisamos uns dos outros. E a velha máxima "sozinho vamos rápido, acompanhados, vamos longe" se prova incrivelmente verdadeira nesse livro.
      Em termos pessoais, essa foi a primeira vez que me identifiquei profundamente com um personagem, apesar de que a única mulher na história que realmente tem um papel é Ermengarda, mãe de Roberto - que é um senhor exemplo de mulher, diga-se de passagem - e a grande maioria dos personagens são homens. Por mais que no começo eu tenha me identificado com Roberto, ao ler mais sobre Estêvão, me identifiquei profundamente com a maneira que o monge inglês enxerga as coisas, e sua fé em Maria e na Providência (todos os três monges tem essa fé, mas a forma como Estêvão tem fé é o que me chamou a atenção) é algo que qualquer um deve ter, e que estou passando da hora de correr atrás de ter. Em resumo: o livro Três Monges Rebeldes é leitura altamente recomendada, tão recomendada quanto a assinatura do Minha Biblioteca Católica, cujos livros serão resenhados à medida em que eu, assinante do clube, for lendo.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019

#Resenha - As Sete Lâmpadas da Santificação - João Paulo I e São João Paulo II #Catholicpost

      Olá a todos! Como estão? Espero que bem. Esse texto era para ter sido postado em meados de Janeiro, mas resolvi esperar um pouco antes de escrevê-lo, e... bom, o mês acabou e eu não escrevi. Mas cá estamos, então vamos lá!
      Esse livro me veio num combo que comprei na Black Friday da Ecclesiae, juntamente com o Teologia do Corpo - que já está na lista de leitura do ano, e que está entre os meus "desejados" há uns três anos, pelo menos - e um quadro de São João Paulo II, e sinceramente, era o último livro pelo qual eu me interessaria em ler. Nunca havia ouvido falar dele, e achava que não seria um livro tão interessante assim. Mas me equivoquei.
      Esse livro é uma compilação de catequeses proferidas por João Paulo I e São João Paulo II relacionadas às três Virtudes Teologais (virtudes que se relacionam diretamente com o próprio Deus) do catolicismo - Fé, Esperança e Caridade/Amor - e as quatro Virtudes Cardeais (desdobramentos importantes das três primeiras) do catolicismo - Temperança, Fortaleza, Prudência e Justiça -, virtudes essas que foram chamadas de "As Sete Lâmpadas da Santificação" por São João XXIII (Antes que alguém se incomode com o tanto de "santo", gostaria de lembrá-los de que esta que vos escreve é uma católica, para quem tais termos fazem sentido, e que o livro em questão é um livro católico, portanto, não esperem que eu não chame de "santo" alguém canonizado pela Igreja). É um livro pequeno, menor que o "Os 4 Temperamentos" (link da postagem aqui), de leitura bastante fluida, e só não terminei antes porque tive a brilhante ideia de ler o livro dos temperamentos antes de terminar esse, e como falei, o livro do Dr. Ítalo foi uma leitura pesada, do tipo que esgotou minha mente.
      Quanto ao livro em si, foi uma das melhores e mais proveitosas leituras que tive nos últimos tempos. Temos dois autores diferentes, de estilos diferentes, discorrendo praticamente sobre os mesmos temas, e tratando deles de forma bastante prática. Definitivamente, é um daqueles livros que valem a pena serem lidos e relidos por qualquer cristão. Mas o ponto que mais me chamou a atenção nesse livro não foi exatamente o aprofundamento filosófico, teológico e incrivelmente prático de São João Paulo II, ou o tom leve de João Paulo I para tratar de assuntos profundos como a definição e prática das virtudes.
      Quando lemos as catequeses, em especial seus finais, percebemos o quão cientes esses homens - e, de certa forma, toda a Igreja - estão dos problemas da própria Igreja (como os escândalos que a mídia noticia sempre que possível), sua  Missão e posição no mundo, e os problemas do próprio mundo. Vemos João Paulo I falar dos maus cristãos, São João Paulo II falar sobre o aborto (Catequese sobre a Virtude da Fortaleza), vemos o movimento causado pelo Concílio Vaticano II, e vemos também o modo como a Igreja se posiciona em relação a outras crenças e como a própria Igreja tem responsabilidade sobre o que acontece no mundo. É uma leitura bastante atual, apesar de a catequese mais recente ser do começo dos anos 2000. Se você quer entender um pouco melhor a Igreja Católica nesse último século, é uma leitura extremamente recomendada.
       Mencionei a questão dos santos aqui, e o próprio título do livro fala em "santificação", isto é, o processo de tornar-se santo. Sei que o texto já está longo, mas vale a pena mais esse parágrafo. O próprio São João Paulo II afirma que "um santo é um pecador que nunca desiste", ou seja, aquela imagem do santo como alguém que não comete erros é um equívoco crasso. Não que o santo não erre, ele só não está disposto a permanecer no erro. Está disposto a se levantar após as quedas e fazer o que estiver em seu alcance para não errar novamente, ciente de que é apenas uma criatura imperfeita, a qual erra com mais facilidade do que acerta. Muito poucos santos fizeram milagres ainda em vida, a grande maioria só o fez depois da morte, quando estavam junto a Deus, e menos ainda "se converteram" da água para o vinho, isto é, mudaram de uma vez, como todo protestante que conheço diz que "se converteu". O próprio São Paulo demorou para mudar, depois da queda do cavalo, passou um tempo com escamas nos olhos, e a menos que minha memória esteja equivocada, não fez nada até que as escamas saíssem.
       Portanto, se é isso o que você, caro leitor, deseja, fique tranquilo, porque demora mesmo. Demoramos pelo menos uns 8 meses pra nascer, por que queremos mudar em 24 horas ou menos? Ah, e o santo não é alguém "fora do mundo"(até mesmo as ordens de clausura, como o Carmelo não estão fora do mundo). É alguém que está lá para mudar o mundo, que não segue os perversos ditames do mundo (ou você acha que é lindo que a mídia trate homens e mulheres como pedaços de carne?), que tem amigos, que sai e se diverte, só não se diverte como os outros. Não é algo complicado, só não é fácil de fazer. E as Lâmpadas estão aí para isso: para iluminar o caminho.

domingo, 13 de janeiro de 2019

#Resenha - Os 4 Temperamentos na Educação dos Filhos - Dr. Ítalo Marsili

Perdão pela foto borrada rs... No mais, o "Keep calm and Study your ass off" é bem o estilo do Dr...

      Boa tarde, pessoas! Como estão? Espero que bem. Primeiro de tudo, Feliz Natal e Ano Novo atrasados a todos! Muita saúde, paz e conquistas a todos nós. Gostaria de informar que estou de saco cheio de não conseguir ler um livro inteiro, muito menos de não escrever, e isso me impulsionou a tentar de novo fazer isso tudo, como eu costumava fazer antes da PUC, e espero sinceramente que meu esforço seja recompensado esse ano, porque não aguento mais ficar nessa. No mais, o post de hoje é sobre o primeiro livro que consegui terminar de ler em uns 4 anos, "Os 4 Temperamentos na Educação dos Filhos", do Dr. Ítalo Marsili.
      "Primeiro de tudo, quem diabos é esse cara?". Bom, a culpa de eu conhecer esse livro - bem como o trabalho desse autor como um todo - é das mulheres católicas que sigo no Instagram, tipo a Thais Schmitt, da Loja Stella Maris, e a Rayhanne Zago, do Lírio entre Espinhos, que postavam as respostas dele em seus Stories. Respostas essas bastante práticas e realistas, do tipo que toda criatura que se dispõe a lidar com Coaching, RH, Psicologia e Psiquiatria está passando da hora de dar para as pessoas (um dia ainda falo sobre a minha birra com o pessoal dessas áreas), então comecei a seguí-lo no Instagram. Tem conselhos que não são a coisa mais fácil do mundo - como por exemplo, não reclamar - mas percebi que, pelo menos para mim, quando tento botar em prática, funciona, então aqui estamos. Sugiro que deem em uma olhada no perfil dele no Instagram se quiserem conhecê-lo melhor, pois esse não é exatamente o objetivo deste post. O assunto "temperamentos" é algo que me interessa a algum tempo, então quando soube do livro, pensei em comprá-lo, mas a ideia de passar a leitura dele na frente de todas as outras veio da Michelle, psicóloga, amante de livros, e dona de um dos Instagrams mais interessantes que já vi, o Contra o Mundo Moderno. Dito isso, vamos à resenha de fato.
      O livro fala sobre uma corrente de estudo dos temperamentos humanos baseada nas ideias de filósofos da Grécia Antiga, que afirmavam que devia haver um princípio que regia o mundo, fosse esse princípio o Fogo, a Terra, a Água e o Ar. De forma análoga, o temperamento humano (isto é, a base sobre a qual construímos nossa personalidade, e, as "lentes" que usamos para enxergar o mundo, parafraseando um professor meu da PUC), tem características desses princípios, e considerando esse viés "místico" de quatro elementos, as universidades não levam esse tipo de estudo  muito a sério desde que houve a chamada "desmistificação do mundo", em que a razão pura e simples deve ser o Norte de tudo (algo bastante falho, visto que somos mais do que razão, se pararmos de fato para pensar). Apesar do nome, o livro não serve apenas para que lidemos com a questão dos filhos, mas também para nos relacionarmos com as pessoas de forma geral, e até mesmo conosco mesmos, visto que cada temperamento possui suas características e desafios.
       Eu até poderia falar mais sobre o livro, mas a grande verdade é que eu não devia ter aceitado a sugestão da Michelle de ler esse livro o quanto antes rs... Digo isso porque para mim, a leitura foi pesada. Não consegui entender muita coisa de verdade, o que me atrapalha demais a falar mais alguma coisa, apesar de ter achado a parte prática bastante interessante. Talvez eu consiga entender melhor esse livro se eu fizer a leitura em um outro momento de minha vida, e é exatamente o que farei - e podem ter certeza, farei uma nova postagem sobre esse livro depois dessa leitura - , mas por hora, se você tem uma boa boa dose de autoconhecimento, paciência, disposição para melhorar o modo como você se relaciona consigo mesmo e com o mundo, se você quer aprender algo novo, ou se você é de alguma dessas áreas com as quais eu tenho birra, esta leitura é para você!

quinta-feira, 16 de agosto de 2018

#Resenha - A Rainha dos Condenados (Queen of the Damned) - Anne Rice

      Olá a todos! Como estão? Espero que bem. Sei que estão um pouco surpresos quanto a ter uma nova postagem em tão pouco tempo, visto que demoro quase um mês pra postar, mas as coisas estão mudando, e as postagens serão mais frequentes. Hoje, dando sequência à série de resenhas dos livros das Crônicas Vampirescas, a resenha é sobre o terceiro livro da série, Rainha dos Condenados. Sim, igualzinho aquele filme, se você nasceu em algum momento entre 1980 e 1995.
      Pessimamente adaptado (sim, é aquele filme) no início dos anos 2000, o livro foi escrito originalmente em 1988, e apresenta uma história muito mais rica do que a apresentada no filme homônimo, que é uma mistura horrorosa desse livro com O Vampiro Lestat. Não me levem à mal, o filme em si não é tão ruim, até você descobrir que ele é uma adaptação e resolve comparar o filme com os livros. Quase sempre é uma experiência ruim, os filmes geralmente deixam muito a desejar, mas Rainha dos Condenados consegue angariar o título de pior adaptação pra qualquer um que já tenha lido o livro e assistiu o filme. "Ah, mas então por que você tem o livro com a capa do filme?" Falta de opção mesmo. A capa que eu queria era essa aqui, mas não tive condição de comprar na época, mas estou começando a reconsiderar.
       Um diferencial desse livro é sua forma narrativa. Ainda temos as narrações em primeira pessoa de Lestat de Lioncourt, tal como nos livros anteriores, mas outros personagens aparecem, tais como Jesse, Maharet e Daniel (sim, aquele do Entrevista com o Vampiro), e tem suas histórias contadas sob seus pontos de vista. O discurso indireto livre - aquele em que a voz do narrador e a dos personagens se misturam de tal forma que não se sabe dizer quem é quem - é amplamente utilizado ao longo do livro, e de uma tal forma que torna a leitura incrivelmente interessante.
       O livro começa exatamente de onde O Vampiro Lestat terminou. Lestat havia conseguido o que queria, só não estava preparado para lidar com as consequências de suas ações, muito menos para encarar alguns fatos acerca de sua própria natureza vampírica. Mais do que incomodar os vampiros espalhados ao redor do mundo, ao ter conseguido acordar Akasha, a Rainha dos Condenados, primeira vampira do mundo, capaz de destruir qualquer vampiro sem precisar encostar um dedo sequer em sua vítima, Lestat conseguiu incomodar também uma ordem de eruditos observadores de fenômenos e seres sobrenaturais, a Talamasca, e isso causa uma série de situações complicadas para todos.
       Akasha é muito ressentida com os homens de uma forma geral, por acreditar que eles são o maior problema da humanidade. Sua maior ambição é tornar o mundo um lugar livre dos homens, e ou você está do lado dela, ou está contra ela, e se estiver contra ela, não interessa se você é uma mulher, você será destruído sem dó nem piedade (tá me parecendo um certo movimento aí...). E apesar de parecer irônico o fato de que ela não gosta dos homens, mas não representar nenhum perigo para Lestat, o leitor mais atento perceberá que não há incoerência em seu comportamento, ele é apenas um peão em seu jogo, só não percebeu isso ainda.
       Dentre os variados personagens que aparecem na trama, Maharet é uma que merece destaque. Tão antiga quanto Akasha, Maharet possui grande conhecimento sobre a história humana, e sabe de coisas que a própria Rainha dos Condenados ignora. Sua visão sobre a origem dos problemas da humanidade, assim como a solução, é bastante interessante, e nos mostra que desde que o mundo é mundo, pessoas em um mesmo contexto podem ter pontos de vista diferentes, baseados em diversos fatores.
      Acredito mesmo que a intenção de Anne Rice era encerrar as Crônicas Vampirescas nesse livro, visto que logo em seguida ela publicou A Hora das Bruxas (The Witching Hour) e Lasher, respectivamente, o primeiro e segundo livro da série dos Bruxos Mayfair. Por algum motivo, em 1991 as Crônicas voltaram à vida, com a publicação de A História do Ladrão de Corpos (The Tale of the Body Thief). Digo isto porque a história que começou em O Vampiro Lestat (e antes ainda, em Entrevista com o Vampiro), se encerra completamente aqui. Da gênese dos vampiros, aos eventos que levaram os vampiros ao tempo presente (lembrem-se de que o livro é de 1988, então o tempo presente era aquele), não há uma ponta solta que pudesse ser usada em uma história posterior, como acontece em Entrevista com o Vampiro ou O Vampiro Lestat. Tanto, que dizem que você não precisa ter lido nenhum livro de Anne Rice antes de ler A História do Ladrão de Corpos, já que é uma história que não se origina de nenhum "furo" nos livros anteriores. O que deve ter levado Anne Rice a escrever esse quarto livro eu ainda não sei, mas é assunto para um próximo post.