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sexta-feira, 31 de maio de 2019

#Resenha - Uma visita ao Santíssimo Sacramento - Vários autores #Catholicpost

       Bom dia a todos! Como estão? Espero que bem. A resenha de hoje é sobre o livro "Uma visita ao Santíssimo Sacramento", publicado pela Canção Nova, e que tenho comigo há uns bons anos, apesar de ter enrolado bastante para ler. Não me lembro exatamente do motivo pelo qual resolvi comprar esse livro, que na verdade é um devocional, mas o fato é que me dei ele de presente em algum momento da minha faculdade, e após a leitura, posso afirmar que não me arrependi.
       Antes de mais nada, um devocional é um tipo de livro cujo teor é voltado à pratica de uma devoção em específico. Nesse caso, a devoção ao Santíssimo Sacramento da Eucaristia, que nada mais nada menos é do que o Corpo e o Sangue de Cristo. Sei que muitos virão com um papo de que não é literal, e blá blá blá, mas até mesmo nas bíblias protestantes, quando da Santa Ceia, Jesus toma o pão e diz "esse é o Meu Corpo". É sério que vocês acreditam que Ele pode curar os cegos e andar sobre as águas, mas não pode transformar um pedaço de pão em Sua própria carne, a fim de estabelecer uma nova aliança com todos aqueles que realmente se dispõem a seguí-Lo, e através desse "pedaço de pão" os fortalecer? "Ah, mas o padre não é Jesus". De fato, não é. Mas como já disse aqui, se formos traçar quem ordenou quem, em algum momento você vai achar um dos Doze a quem o próprio Cristo deu diretrizes sobre como manter Sua palavra após Sua morte, além de uma série de coisas, dentre elas, a Eucaristia. Além do mais, existem dezenas dos chamados "milagres eucarísticos" nos provando que o aparente pedaço de pão é, na verdade, o Corpo e o Sangue de Cristo, basta procurar no Google que você acha. Mas esse não é o propósito desse post. O propósito é falar um pouco sobre o livro e dar meu veredito.
       O livro começa falando sobre o que é a adoração e como ela se relaciona com a Eucaristia, apresentando práticas que a Igreja vem usando em seus mais de 2000 anos de história para fazê-la. Não são todas obrigatórias, mas todas são muito ricas em pontos para a meditação de nossas misérias e do que devemos fazer, de nossa parte, quanto a elas. Algumas, apesar de terem sido elaboradas há pelo menos 200 anos, podem muito bem ser aplicadas aos dias atuais, como a prática de 15 minutos de Adoração, escrita por Santo Antônio Maria Claret entre os anos de 1800, em que se intercede (ora/reza) por aqueles que amamos, por aqueles que nos fazem mal e por nós mesmos.
       Além disso, há pelo menos três dos chamados Atos de Desagravo, que são atos que se fazem na Igreja Católica para pedir perdão à Deus por ofensas feitas a Ele por outras pessoas, como por exemplo, quando algum "artista" sob o pretexto da "liberdade de expressão" resolve erotizar uma imagem sacra e ainda tem a audácia de se sentir pessoalmente atacado por qualquer um que ouse dizer que isso não é coisa que se faça. (uso as aspas para "artistas" porque em geral, suas obras estão longe das obras de artistas como Da Vinci, Picasso e Tarsila do Amaral; e em "liberdade de expressão" porque a liberdade pressupõe que se possa dizer o que se quer, ainda que alguém não goste do que você diz e tenha o direito de dizer isso a você, mas tais pessoas aceitam a primeira parte e negam a segunda) E se levarmos em consideração o modo como nossa sociedade tem "respeitado" a Igreja, temos motivos de sobra pra sentar, chorar, e fazer tais Atos. No mais, é leitura obrigatória a todo Católico.

quarta-feira, 29 de maio de 2019

#Resenha - Os Doze Graus do Silêncio - Vários Autores #Catholicpost

       Boa tarde a todos! Como vão? Espero que bem. A postagem de hoje é sobre um livro que, embora não tenha entrado na minha meta de leitura desse ano, me chamou a atenção depois de ter sido citado algumas vezes pela Rayhanne Zago, do Lírio entre Espinhos em seus riquíssimos stories do Instagram. Então, quando resolvi comprar alguns livros na Cultor de Livros - dentre eles uma biografia de Pier Giorgio Frassati e o que acredito que vá ser a salvação de qualquer perfeccionista, católico ou não, o "A Arte de aproveitar as próprias faltas", de Joseph Tissot; ambos terão resenhas aqui - incluí esse livrinho na lista.
       A primeira coisa que me espantou foi o tamanho do livro, e a segunda, a quantidade de páginas. Quando vi a caixinha da Cultor fiquei bastante chocada, pois imaginava que os três livros dariam algo mais largo, e no final das contas o único livro "grande" desses três é a biografia. Imaginei que um livro que trata de um tema tão vasto quanto o silêncio fosse ter no mínimo 200 páginas, mas por incrível que pareça, há muito em suas poucas páginas.
       "Mas Fernanda, por que um livro sobre o silêncio?" Bem, acho que todos nós sabemos que quando se fala em "oração", fala-se muito em silêncio, principalmente o tal "silêncio interior". Da minha parte, tenho uma mente extremamente inquieta, do tipo que não para nem mesmo para dormir, e isso me atrapalha bastante quando o assunto é oração. Me atrapalha principalmente a discernir o que é coisa da minha cabeça e o que não é, e isso já me levou a muitas decisões equivocadas nesses meus 24 anos de vida. Por isso, qunado vi nos stories da Rayhanne que esse livro ajudava a lidar com essa questão, imediatamente decidi que iria comprá-lo assim que pudesse. Dito isso, vamos à resenha de fato.
       Apesar de ser voltado principalmente à religiosos, em especial os de clausura - como muitos dos livros católicos existentes -, esse é um daqueles livros que podem facilmente ser aproveitados por quaisquer pessoas que busquem se aprofundar na oração, ou mesmo na meditação, seja ela católica ou não (sei que há diferenças entre a meditação católica e a não católica [budista, por exemplo], o dia em que eu conseguir definir essas diferenças, darei um jeito de colocá-las em texto.). Isso porque o livro é bastante intuitivo no que diz respeito a como silenciar-se, e apresenta as muitas vantagens do silêncio em nossa vida. É um daqueles livros que valem uma segunda leitura, pois na primeira não se aproveita plenamente tudo o que o livro tem a dizer.

terça-feira, 21 de maio de 2019

#Resenha - A Vida de Santa Rita de Cássia - Pe. José Rodrigues Cabezas #Catholicpost #Sermulher


       Boa noite a todos! Como estão? Espero que bem. O post de hoje é sobre o livro de Maio do Minha Biblioteca Católica, a biografia de Santa Rita de Cássia, escrita pelo Pe. José Rodrigues Cabezas. O box também acompanha um ícone muito bem desenhado da santa, com uma oração no verso, e um outro livro, chamado "A Esmola, ou O Banco mais Vantajoso e Infalível", de André Beltrami, sobre o qual falarei depois. Resolvi não fazer com esse box o que fiz com esse aqui, esse, e esse porque esse livro sobre a esmola, assim como o que acompanha o livro de Dom Bosco, não são apenas livros a parte, como também livros bastante extensos, ao contrário dos outros que citei, portanto, haverão posts a parte sobre eles.
       De todas as biografias de Santa Rita de Cássia, a mais abrangente que se tem notícia é essa do Padre Cabezas - assim como a biografia mais abrangente de São Paulo Apóstolo é a de Alphonse Tricot - e por mais incrível que possa parecer, esse livro é relativamente pequeno (a biografia de Dom Bosco tem mais de 500 páginas, para se ter uma ideia), se compararmos com a maior parte dos livros do gênero. Apesar de o estilo de escrita empregado no livro não ser exatamente o meu favorito - na verdade, é o que me fez ter uma concepção erra de santidade durante anos da minha vida - devido ao fato de contar a vida do santo como se tudo sempre houvesse sido perfeito em sua vida material e espiritual, quando na realidade a coisa não funciona bem assim o tempo todo, confesso que gostei bastante da história da santa. E mesmo com esse estilo, o autor soube tratar com bastante clareza das dificuldades vividas por essa mulher ao longo de sua vida, o que acredito que tenha me facilitado bastante a leitura pra mim.
       Duas coisas me chamaram bastante a atenção na leitura do livro. A primeira delas é a própria postura de Santa Rita diante das piores circunstâncias da vida. Ela não era uma mulher "durona". Era uma mulher forte. Não agia como se não sofresse, ou como se estivesse muito acima da situação, como somos ensinados desde pequenos como sendo a postura de alguém forte, principalmente quando se trata de nós, mulheres. Ela sentia, sofria e chorava, mas ainda sim levava a vida da maneira mais leve possível. Não negava seus sentimentos e sensibilidade. Antes, os orientava para o cuidado com o próximo e a confiança na Providência, de que as coisas iriam se resolver no devido tempo, e que até lá, deveria orar, confiar, e viver.
       A segunda coisa que realmente me chamou a atenção é o fato de que a devoção a ela começou pelo menos 200 anos antes de sua canonização oficial, algo extremamente incomum nos dias de hoje. Antes da leitura eu não era devota de Santa Rita de Cássia, e após a leitura, apesar de continuar não sendo devota da "advogada das causas impossíveis", tenho um pouco mais de atenção para com essa mulher extraordinária cuja vida ainda serve de exemplo para muitos.

P.S.: Se quiserem ver o que veio nesse box de Santa Rita de Cássia, clique aqui

domingo, 19 de maio de 2019

#Resenha - O Privilégio de Ser Mulher - Alice Von Hildebrand #Catholicpost #Sermulher

"Mas você não tinha um marca páginas menos fruruzento não?" Tinha, mas quis usar esse
       Boa tarde! Como estão? Espero que bem. A resenha de hoje é uma que estou esperando há tempos para fazer, mas sinceramente, não sei como, nem por onde começar. Comprei esse livro ano passado, depois de ler alguns trechos em alguns sites católicos e em prints tirados pela Laíssa Brandão, da Loja Modesta.Comecei a ler, parei, voltei de novo, e em algum momento entre março e abril desse ano, consegui ler ele todo em uma noite apenas. O único problema agora é falar sobre ele sem contar tudo o que está escrito, como costumo fazer, pois não consegui elaborar um texto em que se dê para entender o quão proveitoso é esse livro, sem citar muito do conteúdo contido em suas páginas.
       Escrito por Alice Von Hildebrand, escritora, professora e filósofa católica, "O Privilégio de Ser Mulher" é um livro relativamente curto, mas incrivelmente denso e rico em conteúdo, principalmente para quem tem real interesse em entender melhor sobre a feminilidade no mundo contemporâneo. Acredito que 75% do livro poderia ser um livro à parte, chamado "O Feminismo e suas falácias". E falo sério. Esses 75% nos apresentam os pensamentos da "musa" do feminismo, Simone de Beauvoir, muito do que é afirmado por diversas feministas mundo afora, e a argumentação cristã católica a cada um desses pensamentos e afirmações. Para quem se vê envolvido em debates do tipo "ain, mas a Igreja é machista, porque é contra o aborto, etc, etc", "O Privilégio de Ser Mulher" é essencial para que você não passe vergonha. Há uma série de argumentos bastante interessantes, e que, essencialmente, desmontam boa parte desses argumentos, ainda que o livro comece, aparentemente, dando razão a cada um desses argumentos. A escrita de Alice é repleta de ironias nessa parte, mas tais ironias são escritas de tal forma, que a leitura não apenas é leve, mas exige um pouco de atenção do leitor para que a ironia seja percebida. Os outros 25% apresentam de forma bastante interessante o ponto de vista cristão sobre o comportamento feminino, sexualidade, e como ambos são capazes de moldar o mundo. 
       Se eu esperava um pouco mais do livro? Talvez. Esperava um pouco mais de praticidade sobre como ser mulher em um mundo onde se portar com feminilidade parece ser um pecado mais mortal do que qualquer outra coisa. Mas talvez essa não seja exatamente a proposta desse livro. Talvez a proposta desse livro seja apenas mostrar algo de que nossa sociedade se esqueceu: Não há absolutamente nada de errado em uma mulher ser feminina, e um homem, masculino. Não há nada de errado em categorizar coisas e comportamentos como "masculino" e "feminino". A própria natureza, que muitos gostam de usar como referência para tornar aceitáveis comportamentos como poligamia, sexo pelo sexo, entre outros, apresenta uma clara diferenciação entre os sexos quanto maior a complexidade dos seres, e considerando que somos os seres mais complexos que existem na natureza, por que diabos teríamos que ignorar homens e mulheres são diferentes, e que não há nada de errado nisso? Até porque, se a diversidade de pensamentos, ideias e opiniões é enriquecedora, porque a diferença entre o sexos não o seria?
       As mulheres não precisam ser como os homens, e os homens não precisam ser como as mulheres, embora seja necessário compreender como homens e mulheres funcionam, a fim de facilitar o bom relacionamento entre eles. Portanto, não há nada de errado em uma mulher querer se vestir de forma mais feminina, ela não é nenhum ser de segunda categoria por isso, como nossa sociedade tenta qualificar mulheres que só usam saias e vestidos. Não há nada de errado em um homem segurar as pontas e não chorar em uma situação que exija uma ação concreta que só ele poderá realizar, ele não é nenhum machão metido a besta, como nossa sociedade tenta qualificar homens assim. O que há de errado são aqueles que tratam as pessoas do sexo oposto como se seu sexo o definisse como um problema (tal como as feministas e os machistas fazem), e como a sra Von Hildebrand diz em seu livro: "a estupidez, contra a qual os próprios deuses lutam em vão, está perfeitamente bem distribuída entre os dois sexos", e, sinceramente, concordo com ela. Dizer que os homens não prestam, porque você conheceu uma meia dúzia imprestável, ou dizer que as mulheres são todas umas vagabundas, porque você conheceu uma meia dúzia que se comporta assim, é burrice igual. A propósito, o livro também menciona algumas coisas interessantes acerca da relação entre feminismo e comunismo, mas vou parar por aqui, embora ainda não tenha me esgotado completamente nesse assunto, senão vou começar a contar demais, e eu gostaria muito que esse livro fosse lido por você, caro leitor.

segunda-feira, 18 de março de 2019

#Resenha - Caminho de Perfeição - Santa Teresa de Ávila #Catholicpost



       Bom dia a todos! Como estão? Espero que bem. Hoje finalmente escrevo a resenha sobre esse livro que, até o momento, foi o mais difícil de terminar, embora não seja um livro ruim.
    Escrito por Santa Teresa de Ávila, Caminho de Perfeição é basicamente um manual de oração - e, de certa forma, manual de vida - para as monjas do carmelo de São José de Ávila, do qual era a priora. Juntamente com o Livro da Vida e Moradas do Castelo Interior, é uma das obras mais ricas da vasta espiritualidade católica. Dito isto, vamos à resenha.
       Como falei no começo - e como citei neste post aqui - esse livro não foi um livro fácil de ser lido (para ser sincera, estou tentando lê-lo desde a época da faculdade, quando baixei as obras em PDF, das quais não li nenhuma). Mas ao contrário do livro Os 4 Temperamentos na Educação dos Filhos, o problema do livro não foi o fato de não encontrar aplicação prática, na verdade, isso é o que mais tem, apesar de ter sido escrito para monjas de clausura, que é exatamente o que não sou, nem nunca serei por motivos de: vocação (fiquem calmos, que uma hora eu explico, ou acho alguém pra explicar). Também não foi porque esperei muito do livro, como nesse caso aqui. O problema dessa vez sou eu rs... E falo sério. A escrita de Santa Teresa de Ávila, apesar de bem prática, é muito rica, detalhada e extensa, além de ser uma escrita de alto nível. Tanto que, se não me engano, seu trabalho é considerado também como parte dos clássicos da literatura espanhola, assim como Dom Quixote, de Cervantes. Meu português não foi o bastante para a leitura quanto eu gostaria que fosse, mas mesmo assim encontrei muita coisa útil para minha vida de oração propriamente dita.
       Ouso dizer que, da mesma forma que São Tomás de Aquino conseguiu responder, em seu tempo, muitas perguntas que se fazem hoje a respeito da Fé (não, ainda não li NADA de São Tomás de Aquino, mas muitos que já leram afirmam isso), Tersesa de Ávila respondeu, em seu tempo e nessa obra, praticamente todas as perguntas que se fazem hoje a respeito de oração, inclusive sobre aspectos psicológicos mesmo. É um livro riquíssimo, daqueles que valem à pena uma segunda leitura, a fim de aprofundarmos nosso entendimento, que é exatamente o que farei. Sugiro, para aqueles que pretendem ler esse livro, que não apenas persistam, como também procurem se aprofundar o máximo que conseguirem na leitura de cada um dos 52 pequenos capítulos, que será de grande proveito. Sobre a foto, o livretinho que se encontra junto com o livro fala brevemente sobre São Simão Stock, um monge que nos é pouco conhecido, e o Escapulário de Nossa Senhora do Carmo, um dos sacramentais mais conhecidos da Igreja Católica depois do Rosário, e cuja história se liga à do monge já mencionado. 

Santa Teresa de Ávila, rogai por nós!

sábado, 9 de março de 2019

#Resenha - São Paulo - O Apóstolo dos Gentios - Alphonse Tricot e Didaqué, Ou Instrução dos Doze #Catholicpost

      Boa tarde a todos! Como estão? Espero que bem. Primeiro de tudo, feliz dia da mulher atrasado para nós. Em breve teremos postagem sobre um livro que fala muito sobre o "ser mulher" - aliás, segundo minhas contas, serão mais de uma - sob o ponto de vista católico, mas não hoje. Hoje quero falar desse livro que nós, assinantes do Minha Biblioteca Católica, recebemos no mês de março, falando sobre a vida e o contexto de São Paulo, acompanhado da Didaqué, Ou Instrução dos Doze, considerado o primeiro catecismo cristão (e que é mais difícil de achar do que uma nota de cem novinha em folha na rua).
       Primeiro de tudo, gostaria de resumir um pouco a história sobre como esse livro veio parar na minha mão, antes de explicar por que raios eu terminei um livro de 240 páginas em aproximadamente uma semana, feito que não faço há pelo menos uma década (o livro Três Monges Rebeldes , que veio para os assinantes em Janeiro, com 80 páginas a mais que esse de São Paulo, precisou de mais de um mês para ser concluído).
       Assino o Minha Biblioteca Católica desde novembro do ano passado, quando editaram em sua típica edição de luxo o livro Caminho de Perfeição (que era para eu ter terminado entre Dezembro e Janeiro no máximo, mas ainda não terminei, e vou falar sobre isso quando terminar), livro que queria ler havia pelo menos uns quatro anos. Desde então, mensalmente recebo os livros que eles editam, e posso garantir que, do ponto de vista espiritual, são livros excelentes. Além disso, os livros que foram lançados anteriormente podem ser adquiridos pelos assinantes, contanto que tais livros estejam disponíveis na loja virtual (o que nem sempre é fácil de acontecer, então se tiver algum que te interesse por lá, compre antes que acabe e nem eles saibam quando conseguirão reimprimí-los), no mesmo preço da assinatura mensal, e esse é um dos pontos mais legais sobre o clube na minha opinião.Os que ainda quero comprar, mas que já se esgotaram, são: as Confissões, de Santo Agostinho - que de brinde inclui a biografia de Santa Mônica, sua mãe - ; um livro narrando sobre a história de Nossa Senhora de Fátima; Perguntas e Respostas + A Escola Sem Deus, de Monsenhor de Ségur; e o História de Uma Família, contando a história da família de Santa Teresinha do Menino Jesus (obs: quando tive o dinheiro pra comprar, já não estava mais disponível).
       Até hoje só tive um problema comprando os livros: a operadora do cartão processar a compra, mas não o sistema da loja devido a problemas com a minha conexão, o que impedia o clube de cancelar a compra, bem como a operadora do cartão, mas quando a fatura foi paga, apareceu para o clube, e me mandaram os dois livros que solicitei: Vida e Paixão do Cordeiro de Deus, de Anna Catarina Emmerich + O Calvário e a Missa, do Venerável Fulton J Sheen; e o História de Uma Alma, biografia de Santa Teresinha do Menino Jesus. (estão na minha lista de leitura desse ano, então esperem pela resenha). E que sirva de lição: comprar qualquer coisa pela internet num dia em que a velocidade de conexão está mais lenta que o trânsito da Paulista na hora do rush é uma das piores ideias que se pode ter.
       Passado esse não muito pequeno resumo, vamos ao problema de fato: eles tiveram um problema no sistema de processamento de compras deles entre o final de janeiro e início de fevereiro, o que fez com que alguns assinantes não recebessem o box de fevereiro (biografia de Dom Bosco + O Cristão Bem Preparado para a prática dos seus deveres, escrito pelo próprio Dom Bosco) no prazo normal (que no meu caso, é começo do mês). Eu estava entre eles, e meu box de fevereiro chegou na primeira semana de março, enquanto que o livro de março veio com a compra do livro com a biografia de São Francisco de Assis, quase no fim de fevereiro. Como a biografia de Dom Bosco (que é santo, diga-se de passagem) possui mais de 500 páginas, e nem sou tão devota dele assim, a ponto de estar muito ansiosa por sua biografia (como devota de Santa Teresa de Ávila, a ansiedade quase me comeu até a chegada do livro), resolvi começar a ler esse livro sobre São Paulo, que, por se tratar também da história do começo da Igreja, me deixou bastante curiosa.
       O livro nos conta a história de São Paulo, desde suas origens, passando por sua formação, o que se sabe de sua vida anterior à sua conversão, o encontro com Cristo no caminho de Damasco, sua mudança de vida, sua forma de evangelizar e sua relação com as pessoas que encontrou, até o seu martírio, ocorrido no ano 67 da era cristã. É um trabalho historiográfico, por assim dizer, escrito de forma simples e clara, numa narrativa linear e bastante explicativa quanto ao contexto histórico em que São Paulo e a nascente Igreja estavam inseridos. Houve momentos em que eu, assim como aqueles que vão ler esse livro, tive informações sobre a história da Igreja que eu nunca havia ouvido falar, e se havia ouvido falar, não suspeitava que pudessem ser verdadeiras, mas considerando que seu autor é alguém de renome no meio acadêmico, e que não houve nenhuma obra refutando qualquer ponto do que consta em sua biografia de São Paulo, não há muitos motivos que nos façam duvidar de sua veracidade, o que nos revela um outro panorama sobre muito do que conhecemos sobre a Igreja.
       O que mais me chamou a atenção no livro, dentre todas as coisas, não foi exatamente a história, mas o fato de que ela ainda está acontecendo. Paulo de Tarso pode não ser mais um homem de carne e osso, mas muito do que aconteceu em seu tempo ainda acontece. A Igreja ainda enfrenta perseguições, como naqueles tempos, e ainda lida com gente que está dentro dela, mas que mais atrapalha do que ajuda. Muito do que a Igreja fazia naquela época, no tocante à evangelização e na relação uns com os outros e na sociedade, ainda é feito, guardadas as devidas proporções. A Igreja ainda é a mesma. Os discípulos, ainda são os mesmos. Os problemas, idem.
       Há muito que eu ainda gostaria de falar sobre o livro, e como ele se relaciona com nossa realidade, mas não vou fazê-lo porque caso o fizesse, daria inúmeros spoilers sobre a trama, e por mais difícil que isso seja, definitivamente é algo que não faço, podem revirar os arquivos do blog, não tem uma resenha que seja onde conto algum spoiler de algum livro, no máximo cito algum personagem que ninguém fazia ideia de que existia. No mais, recomendo a leitura deste livro, e acho que, assim como o As Sete Lâmpadas da Santificação, é um livro que deve ser lido tanto por católicos quanto por não católicos, uma vez que oferece um panorama muito rico e interessante sobre esse período da história.
       Quanto à Didaqué, é bem sucinta e resume bem o espírito e os intentos da época em que foi escrita, e acredito que muitos dos que acham que a Igreja "é severa demais" hoje, achariam que ela é até "branda demais" nos dias de hoje, dado o conteúdo da Didaqué. Ele era bem mais incisivo e firme do que o Catecismo atual (não cito o de Pio XII porque ainda não li, nem dei uma olhada, então não tenho conhecimento o suficiente para discutir a respeito), apesar de o espírito de ambos os textos ainda ser o mesmo. (E o mapa que acompanha o box me deixou bastante perdida, obrigada)

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

#Resenha - A História do Ladrão de Corpos (The Tale of the Body Thief) - Anne Rice

      Olá a todos! Como vão? Espero que bem nesses dias pré-carnaval. A resenha de hoje já estava planejada há um tempo, mas no meio das inúmeras leituras iniciadas e adiadas, acabei não tendo como escrevê-la antes. Mas antes tarde do que nunca, não é?
       No quarto livro da série sobre as Crônicas Vampirescas - ou The Vampire Chronicles, como preferirem, encontramos Lestat de Lioncourt lidando com os impactos causados pelos eventos do terceiro livro, Rainha dos Condenados, enquanto desenvolve uma relação de proximidade com o mortal David Talbot, líder da Talamasca (se você ainda não leu esse livro sobre o qual estou fazendo a resenha, e está perdido quanto aos personagens que acabei de citar, clique aqui). Nesse ínterim, ele conhece Raglan James, um homem que afirma ser capaz de trocar de corpo com qualquer um que queira fazer tal troca, e que propõe ao vampiro que troquem de corpo. Tentado com a possibilidade de ser humano novamente, Lestat aceita a proposta, e é a partir desse ponto que a história acontece.
       Muitos dizem que não é necessário ter lido nenhum outro livro das Crônicas antes de ler esse livro, mas preciso avisá-los de que estão redondamente enganados. Não só é necessário ler os outros livros, como também os dois primeiros da série dos Bruxos Mayfair, uma vez que há eventos em Ladrão de Corpos que remetem a esses livros. Você não conseguirá entender a maneira como Louis reage à visita de Lestat, se não tiver lido os três livros anteriores das Crônicas e souber quem é Louis e como é a relação entre os personagens, por exemplo. Ainda que a narrativa de Ladrão de Corpos não pareça ter muita relação com as narrativas anteriores, a narrativa desse livro está diretamente ligada a desses outros três. Pode não ser uma narrativa tão "eletrizante" quanto a dos outros três livros - como citei na resenha de Rainha dos Condenados, parece que era para as Crônicas terem terminado lá - , mas ainda sim é uma narrativa das Crônicas. 
       O livro explora bastante a visão que Lestat tem sobre a própria vida e o mundo a seu redor em 1991, mas talvez o ponto mais interessante seja a história de David Talbot. O misterioso líder da Talamasca é muito bem expolorado nesse livro, assim como a rica relação entre o homem e o sobrenatural, que não apenas permeiam as narrativas de Anne Rice, como também fazem com que as narrativas sobre vampiros sejam muito mais narrativas sobre a humanidade em si e seus limites e falhas.
       Já vou avisando que esse livro contém um teor sexual maior que os anteriores, teor esse que começa a ser explorado de verdade na obra de Anne Rice em "A Hora das Bruxas"(The Witching Hour), mas ao contrário de boa parte das obras do cinema e televisão contemporâneos, não é algo que cai de pára-quedas no meio da narrativa e te deixa perdido e envergonhado. O sexo aqui é algo que surge dentro de um contexto, e serve como medida de comparação entre o modo como homens e vampiros não apenas enxergam e vivem a vida, mas também como a forma que enxergam o mundo. É uma leitura interessante, um pouco mais profunda do que as anteriores, mas vale à pena.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

#Resenha - Expert em vinhos em 24 horas - Jancis Robson

Potterheads entenderam (e curtiram) a referência
      Boa noite a todos! Como estão? Espero que bem. Sei que esse horário é pouco usual para as postagens, mas foi o melhor que deu para fazer hoje rs... Terminei esse livro há uns dias, mas ainda não havia conseguido escrever nada, mas agora foi!
      Esse livro já tem pelo menos uns dois anos que está na minha estante esperando para ser lido. Se não o comprei no último ano de faculdade, foi logo depois que me formei. O interesse veio quando apareceu o livro Wine Folley na livraria daqui, somado a um comentário do meu pai sobre o fato de que entender alguma coisa de vinhos talvez fosse ser útil para nós em algum momento. Escrito por Jancis Robinson, o livro traz um resumo bastante completo sobre como são produzidos os vinhos, o significado dos termos mais comuns usados pelos degustadores, nomes de uvas, locais de produção, dentre outras informações deveras interessantes para aqueles interessados no mundo do vinho. O livro é pequeno, de capa dura, e as folhas tem uma textura similar às de páginas de uma revista, porém um pouco mais espessas.
       A grande verdade é que eu esperava mais desse livro. Não sei se foi o fato de que a grande maioria dos vinhos descritos no texto são vinhos que não se encontra por aqui onde moro, mas o fato é que se eu for no supermercado hoje comprar um vinho para qualquer motivo que seja, eu não terei a menor ideia do que escolher. OK que a parte que trata sobre harmonização com comida - que comida combinar com cada vinho - é bastante útil, mas esperava ser capaz de associar o que li com o que vejo nas prateleiras. Pode ser também que eu precise dar uma volta no corredor de vinhos, listar o que vi, e comprarar em casa depois, mas o fato é que achei que a leitura tornaria o "procurar um vinho para evento x" algo mais fácil. O pósfácio, a meu ver, foi mais interessante que o próprio livro, uma vez que conta a relação entre o vinho e a história do Brasil, e a parte que trata das regiões vinícolas também é de grande valia para quem pensa em fazer uma viagem orientada para a degustação de vinhos. No mais, talvez valha uma segunda leitura.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019

#Resenha - Três Monges Rebeldes - Pe. M. Raymond e Sentenças e fragmentos dos Escritos - São Bernardo de Claraval #Catholicpost

      Bom dia a todos! Como estão? Espero que bem. Apesar de esse livro ter sido da meta de Janeiro, eu só consegui terminá-lo essa madrugada, e já cheguei à conclusão de que vou ler de acordo com a minha vontade, apesar de ter traçado uma ousada meta de leitura anual. Dito isso, vamos à resenha de fato.
      Publicado pelo clube de leitura católico "Minha Biblioteca Católica" (o qual vale super à pena: você paga 59,90 por mês e recebe um livro católico em edição de luxo, mais brindes, que geralmente são outros livros do mesmo autor ou com o mesmo tema, marca página temático, e conteúdo online para assinantes), o livro conta de forma romanceada como foi a fundação da ordem cistercience, uma das várias ordens monásticas da Igreja Católica, e, em certo sentido, uma das mais rígidas depois da ordem cartuxa.
      A primeira surpresa foi descobrir que esse livro é o primeiro, de uma série chamada "A Saga de Cister". Ao contrário de outros títulos do Minha Biblioteca Católica, tais como "Caminho de Perfeição", de Santa Teresa de Ávila (que tenho e já está na lista) e "Confissões" (que ainda não tenho, eles não tem o livro disponível para compra na loja virtual, mas é um dos que quero), essa é a primeira edição do livro no Brasil. Apesar de à princípio não ter me impressionado tanto pela história em si, confesso que à medida em que a leitura foi transcorrendo (o que não foi fácil, dado o calor de 33, com sensação de 39 que tomou conta da minha cidade nesses últimos dias, cidade essa em que as máximas são de 31 com sensação de 33, 35 nessa época do ano), me vi cada vez mais envolvida com os personagens e a história, e quando ela terminou, pela primeira vez em anos me senti "órfã", por assim dizer. A parte estética é incrivelmente bem feita, tornando a leitura ainda mais prazerosa, e o fato de ter como "brinde" esse livreto com trechos de São Bernardo de Claraval, um dos mais ilustres "filhos de Cister", também contribui bastante para esse sentimento.
      A principal característica do gênero literário "saga" é o fato de que não há um personagem principal, mas uma família, um grupo, uma tribo, etc, e com esse livro (cuja capa e história nos remetem bastante aos Três Mosqueteiros) não seria diferente. Nessa história, apesar de São Roberto ser aquele que começa, Santo Alberico e Santo Estêvão Harding são aqueles que não apenas continuam a "rebelião", mas também assumem o protagonismo da história, cada qual à seu tempo. A história e seus personagens são tão vivos, que se Pe. Raymond - magnificamente traudzido pelos monges cisterciences do mosteiro de Nossa Senhora de Nazaré, no Rio Grande do Sul - não cita datas, eventos históricos e certos aspectos que indicam a idade dos personagens, não se percebe a passagem do tempo. O fato de ter lido "Sentenças e fragmentos dos Escritos" antes de começar o livro me deixou bastante ansiosa quanto à perspectiva de encontrar São Bernardo de Claraval na história, e devo admitir que a forma como ele aparece é surpreendente (não, isso não é spoiler, São Bernardo é um monge cistercience, em algum momento ele teria que aparecer em uma história sobre a Ordem), fazendo com que eu torça bastante para que os outros volumes da "Saga" sejam publicado pelo Minha Biblioteca Católica.
      Nesse livro há dois aspectos gerais que realmente me chamaram a atenção. O primeiro é a questão da "rebelião". a Igreja Católica, de forma geral, não vê "rebeliões" com bons olhos, então a pergunta que me fiz foi "como assim um livro católico vem me falar em 'rebelião' como se fosse algo bom?". Lendo a história entende-se que "rebelião" é o modo como a interpretação que os cistercienses deram à Regra de São Bento foi visto naquela época, da mesma forma que a interpretação dada pelos franciscanos ao Evangelho, e em ambos os casos, os "arquitetos" estariam dispostos a desistir de seus ideais caso a Igreja não fosse favorável a eles, ao contrário de Lutero, que mandou todo mundo caçar o que fazer quando a Igreja lhe foi desfavorável. A "rebelião" que desafia a tibieza é bem-vinda. A que te faz viver mais profundamente o Espírito de Cristo é bem-vinda. Por isso, a "rebelião" de Roberto, Alberico e Estêvão Harding foi bem-vinda.
      O segundo aspecto é uma senhora lição para qualquer um: seus protagonistas SEMPRE tiveram pelo menos uma pessoa com quem discutiam as coisas. SEMPRE escolhiam alguém em quem confiar, para fazer as coisas acontecerem. Essas pessoas eram justamente as que mais influenciaram no curso da história, mesmo que não percebamos. Precisamos uns dos outros. E a velha máxima "sozinho vamos rápido, acompanhados, vamos longe" se prova incrivelmente verdadeira nesse livro.
      Em termos pessoais, essa foi a primeira vez que me identifiquei profundamente com um personagem, apesar de que a única mulher na história que realmente tem um papel é Ermengarda, mãe de Roberto - que é um senhor exemplo de mulher, diga-se de passagem - e a grande maioria dos personagens são homens. Por mais que no começo eu tenha me identificado com Roberto, ao ler mais sobre Estêvão, me identifiquei profundamente com a maneira que o monge inglês enxerga as coisas, e sua fé em Maria e na Providência (todos os três monges tem essa fé, mas a forma como Estêvão tem fé é o que me chamou a atenção) é algo que qualquer um deve ter, e que estou passando da hora de correr atrás de ter. Em resumo: o livro Três Monges Rebeldes é leitura altamente recomendada, tão recomendada quanto a assinatura do Minha Biblioteca Católica, cujos livros serão resenhados à medida em que eu, assinante do clube, for lendo.

sábado, 23 de junho de 2018

#Resenha - Entrevista com o Vampiro (Interview With the Vampire) - Anne Rice

      Olá, pessoal! Antes tarde do que nunca, não? Rs... Bom, peço perdão pela demora, aqueles que me conhecem sabem que nos últimos tempos minha vida andou de cabeça pra baixo, entre aulas, tradução e outros trabalhos, e a última coisa que conseguia fazer era ler um bom livro. Mas vamos ao que interessa, afinal de contas, esse é um blog sobre experiências literárias, essencialmente, então vamos ao livro de hoje: Entrevista com o Vampiro, de Anne Rice, autora americana que também escreveu a série de livros "A Vida dos Bruxos Mayfair", "Cristo Senhor"(série romanceada sobre a vida de Cristo), "Bela Adormecida" (uma série erótica-quase-pornográfica, diga-se de passagem), "Songs of the Seraphim"(Um homem que viaja no tempo em busca de redenção, guiado por um anjo) e "The Wolf Gift Chronicles"(Lobisomens). O plano era conseguir ler em janeiro, mas acabou não dando certo, como devem ter visto na página d'O Café no Facebook.
      "Mas histórias de vampiros? Mas não tem a ver com bruxaria, coisa das trevas, magia, essas coisas? Cristão pode ler essas coisas?" Dá uma lidinha nisso aqui, nisso, nisso, e principalmente isso aqui e isso aqui, antes de vir com esse pensamento pra cima de mim, OK? Uma coisa é 50 tons de cinza, Marquês de Sade e Aleister Crowley. Outra completamente diferente é a presença de seres sobrenaturais na literatura, e o fato de eles servirem de pano de fundo para outras coisas, como por exemplo, explorar as diversas facetas humanas. Dito isto, vamos à resenha.
      Escrito em 1979 por Anne Rice, "Entrevista com o Vampiro" é o primeiro de uma série de livros denominada "Crônicas Vampirescas" - livros esses que terão suas devidas resenhas a seu devido tempo - e foi adaptado para o cinema em 1994, tendo Brad Pitt, Tom Cruise, Kirsten Dunst, Antonio Banderas e Christian Slater nos papeis principais. No Brasil, o livro foi traduzido, não me lembro quando, por ninguém mais, ninguém menos, que Clarice Lispector, um dos maiores nomes da literatura brasileira.
      Podem me chamar de poser, mas a tradução de Clarice - que li em 2010, se não me engano, e faltando páginas no final - é o mais próximo que já li de um trabalho dela até hoje, e devo dizer que gostei muito. Pretendo ler outros trabalhos dela, só esperando tirar os trocentos e tantos outros livros que ainda estão me esperando.
      Sobre o livro, foi a adaptação para o cinema que realmente me despertou para os livros - que eram um inferno de achar até então, já que a Rocco, a editora que os publica no Brasil, estava relançando essa e outras séries da autora com novas capas -, porque até então o único livro sobre vampiros que eu conhecia era Drácula (que ainda é um dos meus preferidos), e Crepúsculo, que, apesar de estar em alta naquela época, definitivamente não fez, não faz, nem nunca fará meu estilo (acreditem, não consegui chegar ao final do primeiro capítulo do primeiro livro, em todas as vezes que tentei ler). A estética e a temática do Entrevista me chamaram muito a atenção, então fui atrás do livro e o encontrei na seção mais negligenciada da Biblioteca Pública (não, PDF não era a opção mais viável até então).
       Desde então, já li a história três vezes - sendo duas em inglês - , e apesar de não ser exatamente a minha preferida da série, ainda sim é uma boa história. Acredito que tenha sido a primeira história de vampiros a contar a história sob a perspectiva de um vampiro, sem necessariamente colocá-lo como vilão. Louis de Point du Lac é um personagem que, apesar de não ser tão "exuberante" como Lestat de Lioncourt - seu antagonista na trama -, consegue prender a sua atenção, te conquista, por assim dizer, te fazendo sentir suas dores, medos e alegrias (que são poucas, mas são alegrias). Seu relato se encaixa de forma assustadora nos relatos de pessoas com depressão (e se levarmos em consideração que Entrevista com o Vampiro foi a forma que Anne Rice encontrou de lidar com o luto pela perda de sua filha pequena para a leucemia, faz bastante sentido que seu protagonista tenha uma espécie de flerte com a depressão), e acredito que seu maior mérito nesse sentido é não colocar a depressão como algo "estético", como muitos fazem, mas como algo pesado, um fardo que somente quem vive - ou convive - com tem ideia de como é. O fato de que os outros personagens na maioria das vezes parecerem não entendê-lo, com exceção de Cláudia, a criança que ele e Lestat transformam em vampiro, e que apesar de envelhecer, é eternamente uma criança (o que praticamente a enlouquece),  também ilustra bem como o depressivo se sente.
       Quanto à Lestat de Lioncourt, o antagonista na trama, parece ser mais do que aparenta. Mesmo que Louis o descreva como um vilão, é importante nos lembrarmos de que esse é um relato em primeira pessoa, portanto, bastante subjetivo, e que Louis e Lestat tem sérias divergências sobre inúmeros assuntos ao longo da trama. E dada a complexidade dos personagens presentes no livro, não se pode dizer que existam vilões e mocinhos na trama de Anne Rice, assim como na vida real, onde podemos ser heróis e vilões ao mesmo tempo. Lestat parece ser mais do que aparenta, porque o pouco que se sabe dele é conhecido através de Louis e Armand, o líder do "Teatro dos Vampiros" (sim, você deve ter se lembrado do Legião, e eu acredito que Renato Russo leu esse livro também),  um vampiro com uns bons séculos de vida, e a aparência de um adolescente andrógino de 17 anos de idade, que é sem dúvida um dos personagens mais enigmáticos da trama, pois nunca se sabe exatamente o que ele quer de quem.
      Por fim, temos o repórter Daniel Molloy, que é o único personagem realmente de fora da trama, assim como o leitor. Ele é apenas um repórter que encontra Louis de Point du Lac em um bar e, descrente quanto à afirmativa deste de que era um vampiro, resolve tirar a prova dos nove. Ele está apenas ouvindo a história, e quer fazer parte dela. Quer ser parte do mundo dos bebedores de sangue, apesar de tudo o que Louis lhe conta. Não se sabe se ele eventualmente consegue, mas certamente ele está tentado, assim como muitos de nós poderíamos nos sentir tentados em seu lugar. Por que não? Coisas muito menores nos tentam, não é mesmo?
      Bom, quanto ao livro x filme, o filme é bom, mas depois que você lê o livro e tenta ver o filme, o sentimento de "Que porcaria é essa?" parece assistir o filme com você. Dentre outros motivos, temos Antonio Banderas, no auge de seus 30 anos, mais masculino impossível, interpretando um vampiro andrógino de 17 anos (porque Tom Cruise aos 30, interpretando Lestat, que tem uns 20, ainda passa). Ele capturou muito bem a essência de Armand, mas sinceramente, não dá. Parece que o filho de Anne Rice está trabalhando em um seriado baseado nas Crônicas Vampirescas (que eu acho mais difícil de sair do que eu de me casar), e espero sinceramente que achem um elenco mais próximo das descrições que a mãe dele fez dos personagens. Se bem que pra mim, Lestat de Lioncourt é Robert Plant na época do Led I, Armand, Jimmy Page nessa mesma época, Louis de Point du Lac, Brad Pitt no filme, e Daniel Molloy, Christian Slater no filme... Mas vou assistir o seriado mesmo assim, ainda que seja pra reclamar que "isso não tava no livro", e pegar um monte de vírus no PC, já que até a Netflix adicionar no catálogo, eu provavelmente já terei pelo menos uns dois filhos, e olha que acho difícil eu me casar!
      Mas e vocês? Já leram o livro, ou viram o filme? Qual a opinião de vocês? Qual - ou quais - vampiro literário é o seu preferido? Conta nos comentários!

sexta-feira, 27 de maio de 2016

#Resenha - Como Rezar Bem o Rosário, de Dom Miguel M Giambelli - #Catholicpost

     
"O Santo Rosário é a arma daqueles que querem vencer todas as batalhas" - São Padre Pio de Pietrelcina
  
   Quem diria que a primeira resenha literária desse blog seria justamente um #Catholicpost, hein? Bom, aproveitando que o mês Mariano já está quase no fim, e que eu não poderia deixar passar em branco, vou falar sobre esse livro de Dom Miguel M Giambelli, o Como Rezar Bem o Rosário. Essa resenha está diretamente ligada ao #Catholicpost porque para entender um pouco sobre esse livro, é necessário contextualizar seu tema, que nesse caso significa falar da fé católica primeiro. Dito isso, vamos lá.
     Para começo de conversa: a oração do Rosário é uma das mais antigas da Igreja, e em boa parte das aparições de Nossa Senhora (digo boa parte porque não tenho certeza se são todas) Ela pede para que essa oração seja recitada. Nas aparições de Fátima essa tecla foi tão batida que é praticamente impossível para um católico que conhece alguma coisa sobre sua Fé não relacionar o Rosário à Fátima. No entanto, há muitos que não fazem esta oração por acreditarem que "é repetitiva", "é monótona", "é grande demais", "não tem Jesus em seu centro, então não é tão efetiva" (Protestantismo feelings detected), etc. Então, para aqueles que não oram o Rosário, vou esclarecer alguns pontinhos:

     _"é repetitiva", "é monótona" - E assistir todo dia os mesmos programas na TV não é repetitivo não? Comer arroz com feijão no almoço e na janta, ir ao trabalho todo dia, entre outros, não é não? E mesmo assim você faz, não é? Então por que cargas d'água não rezar???? 

     _"é grande demais" - Realmente, rezar um Rosário, Rosário mesmo gasta uma hora e não é fácil. Digo por experiência própria, existem momentos em que o Rosário parece imenso, embora tenha lógica ser grande porque ele é um resumo dos 33 anos de vida de Jesus Cristo. (Daqui a pouquinho explico isso), mas raciocinem comigo: considerando que o Encardido (palavras do Padre Léo SCJ, não minhas!) não gosta de oração, então tudo o que for possível para nos impedir de rezar, ele fará. E pra ele implicar e colocar empecilho principalmente nessa, é porque com certeza é a que ele mais odeia. Mais um motivo pra rezar. Aliás, Nossa Senhora já previa isso lá em 1917, em Fátima, quando disse "Rezem o Terço todos os dias". O Terço é a terça parte (ou quarta, se considerarmos os Mistérios Luminosos, SUGERIDOS por São João Paulo II em sua Encíclica Rosarium Virginis Mariae, de 2002, disponível aqui) do Rosário, e é composto por 5 Mistérios. 5 por dia é bem mais fácil do que 15/20, não?

     _"não tem Jesus em seu centro, então não é tão efetiva" - OK, essa aqui realmente é pesada. Somente se você não for uma criatura minimamente atenta pra usar essa como desculpa. Primeiro porque se você é católico deve saber que a Mãe de Deus está em tudo submissa ao próprio Deus, então não diria/faria ABSOLUTAMENTE NADA - ao contrário de nós - que Ele não quisesse/permitisse. Então se essa oração foi pedida por Ela (antes que me venham com um "vocês adoram Maria", me refiro a Ela com letra maiúscula, porque depois do próprio Deus, Ela é extremamente importante, e muito, mais muito - desculpem o termo - foda.), o próprio Deus deve estar de acordo, não é? Muito bem, e segundo por que o seguinte:

  • Primeiro Mistério Gozoso: A Anunciação - Maria é a protagonista
  • Segundo Mistério Gozoso: A Visitação - Maria é a protagonista
  • Terceiro Mistério Gozoso: O Nascimento de Jesus - Jesus é o protagonista
  • Quarto Mistério Gozoso: A Apresentação do Menino Jesus - Jesus é o protagonista e Maria é coadjuvante
  • Quinto Mistério Gozoso: A Perda e o Encontro do Menino Jesus no Templo - Jesus é o protagonista e Maria é a coadjuvante
     Desses 5 Mistérios, Maria protagoniza apenas 2. No Rosário tradicional, seriam 2/15, e no adotado por muitos atualmente, 2/20

  • Primeiro Mistério Luminoso: O Batismo no Jordão - Jesus é o protagonista, João Batista é o coadjuvante, e Maria nem lá estava
  • Segundo Mistério Luminoso: A Revelação nas Bodas de Caná - Jesus é o protagonista e Maria é a coadjuvante
  • Terceiro Mistério Luminoso: O Anúncio do Reino de Deus e o Convite à Conversão - Jesus é o protagonista, e Maria nem estava lá
  • Quarto Mistério Luminoso: A Transfiguração no Monte Tabor - Jesus é o protagonista, Pedro, Tiago e João são os coadjuvantes, e Maria nem estava lá
  • Quinto Mistério Luminoso: A Instituição da Eucaristia - Jesus é o protagonista, os apóstolos são os coadjuvantes, e Maria nem estava lá.
     Desses 5 Mistérios, Maria não protagoniza nenhum. Continuamos com 2/20 (no Rosário tradicional, esses Mistérios não contam. Eu rezo o tradicional, acho mais coerente e talz...)

  • Primeiro Mistério Doloroso: A Agonia de Jesus no Horto das Oliveiras - Jesus é o protagonista.
  • Segundo Mistério Doloroso: A Flagelação de Jesus - Jesus é o protagonista e os algozes são os antagonistas
  • Terceiro Mistério Doloroso: A Coroação de Espinhos - Jesus é o protagonista
  • Quarto Mistério Doloroso: O Caminho para o Calvário - Jesus é o protagonista
  • Quinto Mistério Doloroso: A Crucificação de Jesus - Jesus é o protagonista, Maria e João Evangelista são os coadjuvantes
      Desses 5 Mistérios, Maria protagoniza nenhum. Continuamos com 2/20 no atual, e 2/15 no tradicional.
  • Primeiro Mistério Glorioso: A Ressurreição de Jesus - Jesus é o protagonista
  • Segundo Mistério Glorioso: A Ascensão de Jesus - Jesus é o protagonista
  • Terceiro Mistério Glorioso: O Pentecostes - o Espírito Santo é o protagonista, e Maria e os apóstolos são coadjuvantes
  • Quarto Mistério Glorioso: A Assunção de Maria - Maria é a protagonista
  • Quinto Mistério Glorioso: A Coroação de Maria - Maria é a protagonista
     Desses 5 Mistérios, Maria protagoniza 2. Somando com os outros 2, temos 4/20 no Rosário atual e 4/15 no tradicional.
     Por que eu fiz essa listinha acima? Pra mostrar que se somarmos todos os eventos em que Maria é protagonista no Rosário, não dá nem mesmo um Terço, então essa história de que "não tem Jesus em seu centro, então não é efetiva" só cola se você for muito desatento e sem lógica.
     Dito isto, vamos ao livro. Não me espantei com o tamanho dele, mas com a capa fininha que te dá a certeza de que vai rasgar a qualquer momento. Achei impressionante serem tão poucas páginas dada a extensão que o assunto pode adquirir, mas isso se deve mais às expectativas que criei do que ao texto em si. É um manual sobre como rezar o Rosário de forma a meditá-lo de fato, incluindo os Mistérios Luminosos (que não são obrigatórios, vale ressaltar, antes que algum catolicrente, ou algo que o valha, extremamente apegado às formas da Tradição venha dizer que não se deve rezar esses Mistérios), e englobando todos aspectos da oração, isto é, a Contemplação, a Adoração, o Arrepender-se dos pecados, e o Pedir. Não sabia desses quatro aspectos da oração, e a leitura foi bastante enriquecedora, principalmente sobre conversão (tô tentando marcar uma confissão, mas tá difícil...). Já fiz uso do método para rezar e digo que funciona, embora esteja pensando em combinar esse método com o de São Luís Maria Gringon de Montfort (eu ainda vou falar dele, mas não agora, não hoje), que também é muito interessante. 
     Recomendo a leitura do livro, nota 10. Minha única reclamação é: Canção Nova, que que deu na cabeça de vocês pra usar um material tão ruim pra capa? Por que não usaram o mesmo material da capa dos Devocionários, que é um material resistente? Tive que fazer uma senhora gambiarra aqui pra deixar a capa minimamente resistente...
     Bom, é isso. Talvez um dia eu faça um post falando sobre o Rosário e o meu relacionamento com ele, mas "esse dia não é hoje". 

Fiquem com Deus!


P.S.: O marcador eu fiz especialmente pra esse livro. Dei o carinhoso apelido de "marcador perpétuo", porque é o marcador que vai ficar só nesse livro. Se alguém quiser, me avise que disponibilizo aqui!

P.S. 2: Sobre os nomes dos Mistérios: Gozosos, porque falam da alegria da vinda do Salvador; Luminosos, porque falam da vida pública do Salvador, Luz do mundo; Dolorosos, porque falam das dores de Jesus; e Gloriosos, porque falam da glória de Deus manifestada no mundo.