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quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

#Resenha - A História do Ladrão de Corpos (The Tale of the Body Thief) - Anne Rice

      Olá a todos! Como vão? Espero que bem nesses dias pré-carnaval. A resenha de hoje já estava planejada há um tempo, mas no meio das inúmeras leituras iniciadas e adiadas, acabei não tendo como escrevê-la antes. Mas antes tarde do que nunca, não é?
       No quarto livro da série sobre as Crônicas Vampirescas - ou The Vampire Chronicles, como preferirem, encontramos Lestat de Lioncourt lidando com os impactos causados pelos eventos do terceiro livro, Rainha dos Condenados, enquanto desenvolve uma relação de proximidade com o mortal David Talbot, líder da Talamasca (se você ainda não leu esse livro sobre o qual estou fazendo a resenha, e está perdido quanto aos personagens que acabei de citar, clique aqui). Nesse ínterim, ele conhece Raglan James, um homem que afirma ser capaz de trocar de corpo com qualquer um que queira fazer tal troca, e que propõe ao vampiro que troquem de corpo. Tentado com a possibilidade de ser humano novamente, Lestat aceita a proposta, e é a partir desse ponto que a história acontece.
       Muitos dizem que não é necessário ter lido nenhum outro livro das Crônicas antes de ler esse livro, mas preciso avisá-los de que estão redondamente enganados. Não só é necessário ler os outros livros, como também os dois primeiros da série dos Bruxos Mayfair, uma vez que há eventos em Ladrão de Corpos que remetem a esses livros. Você não conseguirá entender a maneira como Louis reage à visita de Lestat, se não tiver lido os três livros anteriores das Crônicas e souber quem é Louis e como é a relação entre os personagens, por exemplo. Ainda que a narrativa de Ladrão de Corpos não pareça ter muita relação com as narrativas anteriores, a narrativa desse livro está diretamente ligada a desses outros três. Pode não ser uma narrativa tão "eletrizante" quanto a dos outros três livros - como citei na resenha de Rainha dos Condenados, parece que era para as Crônicas terem terminado lá - , mas ainda sim é uma narrativa das Crônicas. 
       O livro explora bastante a visão que Lestat tem sobre a própria vida e o mundo a seu redor em 1991, mas talvez o ponto mais interessante seja a história de David Talbot. O misterioso líder da Talamasca é muito bem expolorado nesse livro, assim como a rica relação entre o homem e o sobrenatural, que não apenas permeiam as narrativas de Anne Rice, como também fazem com que as narrativas sobre vampiros sejam muito mais narrativas sobre a humanidade em si e seus limites e falhas.
       Já vou avisando que esse livro contém um teor sexual maior que os anteriores, teor esse que começa a ser explorado de verdade na obra de Anne Rice em "A Hora das Bruxas"(The Witching Hour), mas ao contrário de boa parte das obras do cinema e televisão contemporâneos, não é algo que cai de pára-quedas no meio da narrativa e te deixa perdido e envergonhado. O sexo aqui é algo que surge dentro de um contexto, e serve como medida de comparação entre o modo como homens e vampiros não apenas enxergam e vivem a vida, mas também como a forma que enxergam o mundo. É uma leitura interessante, um pouco mais profunda do que as anteriores, mas vale à pena.

quinta-feira, 16 de agosto de 2018

#Resenha - A Rainha dos Condenados (Queen of the Damned) - Anne Rice

      Olá a todos! Como estão? Espero que bem. Sei que estão um pouco surpresos quanto a ter uma nova postagem em tão pouco tempo, visto que demoro quase um mês pra postar, mas as coisas estão mudando, e as postagens serão mais frequentes. Hoje, dando sequência à série de resenhas dos livros das Crônicas Vampirescas, a resenha é sobre o terceiro livro da série, Rainha dos Condenados. Sim, igualzinho aquele filme, se você nasceu em algum momento entre 1980 e 1995.
      Pessimamente adaptado (sim, é aquele filme) no início dos anos 2000, o livro foi escrito originalmente em 1988, e apresenta uma história muito mais rica do que a apresentada no filme homônimo, que é uma mistura horrorosa desse livro com O Vampiro Lestat. Não me levem à mal, o filme em si não é tão ruim, até você descobrir que ele é uma adaptação e resolve comparar o filme com os livros. Quase sempre é uma experiência ruim, os filmes geralmente deixam muito a desejar, mas Rainha dos Condenados consegue angariar o título de pior adaptação pra qualquer um que já tenha lido o livro e assistiu o filme. "Ah, mas então por que você tem o livro com a capa do filme?" Falta de opção mesmo. A capa que eu queria era essa aqui, mas não tive condição de comprar na época, mas estou começando a reconsiderar.
       Um diferencial desse livro é sua forma narrativa. Ainda temos as narrações em primeira pessoa de Lestat de Lioncourt, tal como nos livros anteriores, mas outros personagens aparecem, tais como Jesse, Maharet e Daniel (sim, aquele do Entrevista com o Vampiro), e tem suas histórias contadas sob seus pontos de vista. O discurso indireto livre - aquele em que a voz do narrador e a dos personagens se misturam de tal forma que não se sabe dizer quem é quem - é amplamente utilizado ao longo do livro, e de uma tal forma que torna a leitura incrivelmente interessante.
       O livro começa exatamente de onde O Vampiro Lestat terminou. Lestat havia conseguido o que queria, só não estava preparado para lidar com as consequências de suas ações, muito menos para encarar alguns fatos acerca de sua própria natureza vampírica. Mais do que incomodar os vampiros espalhados ao redor do mundo, ao ter conseguido acordar Akasha, a Rainha dos Condenados, primeira vampira do mundo, capaz de destruir qualquer vampiro sem precisar encostar um dedo sequer em sua vítima, Lestat conseguiu incomodar também uma ordem de eruditos observadores de fenômenos e seres sobrenaturais, a Talamasca, e isso causa uma série de situações complicadas para todos.
       Akasha é muito ressentida com os homens de uma forma geral, por acreditar que eles são o maior problema da humanidade. Sua maior ambição é tornar o mundo um lugar livre dos homens, e ou você está do lado dela, ou está contra ela, e se estiver contra ela, não interessa se você é uma mulher, você será destruído sem dó nem piedade (tá me parecendo um certo movimento aí...). E apesar de parecer irônico o fato de que ela não gosta dos homens, mas não representar nenhum perigo para Lestat, o leitor mais atento perceberá que não há incoerência em seu comportamento, ele é apenas um peão em seu jogo, só não percebeu isso ainda.
       Dentre os variados personagens que aparecem na trama, Maharet é uma que merece destaque. Tão antiga quanto Akasha, Maharet possui grande conhecimento sobre a história humana, e sabe de coisas que a própria Rainha dos Condenados ignora. Sua visão sobre a origem dos problemas da humanidade, assim como a solução, é bastante interessante, e nos mostra que desde que o mundo é mundo, pessoas em um mesmo contexto podem ter pontos de vista diferentes, baseados em diversos fatores.
      Acredito mesmo que a intenção de Anne Rice era encerrar as Crônicas Vampirescas nesse livro, visto que logo em seguida ela publicou A Hora das Bruxas (The Witching Hour) e Lasher, respectivamente, o primeiro e segundo livro da série dos Bruxos Mayfair. Por algum motivo, em 1991 as Crônicas voltaram à vida, com a publicação de A História do Ladrão de Corpos (The Tale of the Body Thief). Digo isto porque a história que começou em O Vampiro Lestat (e antes ainda, em Entrevista com o Vampiro), se encerra completamente aqui. Da gênese dos vampiros, aos eventos que levaram os vampiros ao tempo presente (lembrem-se de que o livro é de 1988, então o tempo presente era aquele), não há uma ponta solta que pudesse ser usada em uma história posterior, como acontece em Entrevista com o Vampiro ou O Vampiro Lestat. Tanto, que dizem que você não precisa ter lido nenhum livro de Anne Rice antes de ler A História do Ladrão de Corpos, já que é uma história que não se origina de nenhum "furo" nos livros anteriores. O que deve ter levado Anne Rice a escrever esse quarto livro eu ainda não sei, mas é assunto para um próximo post.