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quinta-feira, 16 de agosto de 2018

#Resenha - A Rainha dos Condenados (Queen of the Damned) - Anne Rice

      Olá a todos! Como estão? Espero que bem. Sei que estão um pouco surpresos quanto a ter uma nova postagem em tão pouco tempo, visto que demoro quase um mês pra postar, mas as coisas estão mudando, e as postagens serão mais frequentes. Hoje, dando sequência à série de resenhas dos livros das Crônicas Vampirescas, a resenha é sobre o terceiro livro da série, Rainha dos Condenados. Sim, igualzinho aquele filme, se você nasceu em algum momento entre 1980 e 1995.
      Pessimamente adaptado (sim, é aquele filme) no início dos anos 2000, o livro foi escrito originalmente em 1988, e apresenta uma história muito mais rica do que a apresentada no filme homônimo, que é uma mistura horrorosa desse livro com O Vampiro Lestat. Não me levem à mal, o filme em si não é tão ruim, até você descobrir que ele é uma adaptação e resolve comparar o filme com os livros. Quase sempre é uma experiência ruim, os filmes geralmente deixam muito a desejar, mas Rainha dos Condenados consegue angariar o título de pior adaptação pra qualquer um que já tenha lido o livro e assistiu o filme. "Ah, mas então por que você tem o livro com a capa do filme?" Falta de opção mesmo. A capa que eu queria era essa aqui, mas não tive condição de comprar na época, mas estou começando a reconsiderar.
       Um diferencial desse livro é sua forma narrativa. Ainda temos as narrações em primeira pessoa de Lestat de Lioncourt, tal como nos livros anteriores, mas outros personagens aparecem, tais como Jesse, Maharet e Daniel (sim, aquele do Entrevista com o Vampiro), e tem suas histórias contadas sob seus pontos de vista. O discurso indireto livre - aquele em que a voz do narrador e a dos personagens se misturam de tal forma que não se sabe dizer quem é quem - é amplamente utilizado ao longo do livro, e de uma tal forma que torna a leitura incrivelmente interessante.
       O livro começa exatamente de onde O Vampiro Lestat terminou. Lestat havia conseguido o que queria, só não estava preparado para lidar com as consequências de suas ações, muito menos para encarar alguns fatos acerca de sua própria natureza vampírica. Mais do que incomodar os vampiros espalhados ao redor do mundo, ao ter conseguido acordar Akasha, a Rainha dos Condenados, primeira vampira do mundo, capaz de destruir qualquer vampiro sem precisar encostar um dedo sequer em sua vítima, Lestat conseguiu incomodar também uma ordem de eruditos observadores de fenômenos e seres sobrenaturais, a Talamasca, e isso causa uma série de situações complicadas para todos.
       Akasha é muito ressentida com os homens de uma forma geral, por acreditar que eles são o maior problema da humanidade. Sua maior ambição é tornar o mundo um lugar livre dos homens, e ou você está do lado dela, ou está contra ela, e se estiver contra ela, não interessa se você é uma mulher, você será destruído sem dó nem piedade (tá me parecendo um certo movimento aí...). E apesar de parecer irônico o fato de que ela não gosta dos homens, mas não representar nenhum perigo para Lestat, o leitor mais atento perceberá que não há incoerência em seu comportamento, ele é apenas um peão em seu jogo, só não percebeu isso ainda.
       Dentre os variados personagens que aparecem na trama, Maharet é uma que merece destaque. Tão antiga quanto Akasha, Maharet possui grande conhecimento sobre a história humana, e sabe de coisas que a própria Rainha dos Condenados ignora. Sua visão sobre a origem dos problemas da humanidade, assim como a solução, é bastante interessante, e nos mostra que desde que o mundo é mundo, pessoas em um mesmo contexto podem ter pontos de vista diferentes, baseados em diversos fatores.
      Acredito mesmo que a intenção de Anne Rice era encerrar as Crônicas Vampirescas nesse livro, visto que logo em seguida ela publicou A Hora das Bruxas (The Witching Hour) e Lasher, respectivamente, o primeiro e segundo livro da série dos Bruxos Mayfair. Por algum motivo, em 1991 as Crônicas voltaram à vida, com a publicação de A História do Ladrão de Corpos (The Tale of the Body Thief). Digo isto porque a história que começou em O Vampiro Lestat (e antes ainda, em Entrevista com o Vampiro), se encerra completamente aqui. Da gênese dos vampiros, aos eventos que levaram os vampiros ao tempo presente (lembrem-se de que o livro é de 1988, então o tempo presente era aquele), não há uma ponta solta que pudesse ser usada em uma história posterior, como acontece em Entrevista com o Vampiro ou O Vampiro Lestat. Tanto, que dizem que você não precisa ter lido nenhum livro de Anne Rice antes de ler A História do Ladrão de Corpos, já que é uma história que não se origina de nenhum "furo" nos livros anteriores. O que deve ter levado Anne Rice a escrever esse quarto livro eu ainda não sei, mas é assunto para um próximo post.

sábado, 23 de junho de 2018

#Resenha - Entrevista com o Vampiro (Interview With the Vampire) - Anne Rice

      Olá, pessoal! Antes tarde do que nunca, não? Rs... Bom, peço perdão pela demora, aqueles que me conhecem sabem que nos últimos tempos minha vida andou de cabeça pra baixo, entre aulas, tradução e outros trabalhos, e a última coisa que conseguia fazer era ler um bom livro. Mas vamos ao que interessa, afinal de contas, esse é um blog sobre experiências literárias, essencialmente, então vamos ao livro de hoje: Entrevista com o Vampiro, de Anne Rice, autora americana que também escreveu a série de livros "A Vida dos Bruxos Mayfair", "Cristo Senhor"(série romanceada sobre a vida de Cristo), "Bela Adormecida" (uma série erótica-quase-pornográfica, diga-se de passagem), "Songs of the Seraphim"(Um homem que viaja no tempo em busca de redenção, guiado por um anjo) e "The Wolf Gift Chronicles"(Lobisomens). O plano era conseguir ler em janeiro, mas acabou não dando certo, como devem ter visto na página d'O Café no Facebook.
      "Mas histórias de vampiros? Mas não tem a ver com bruxaria, coisa das trevas, magia, essas coisas? Cristão pode ler essas coisas?" Dá uma lidinha nisso aqui, nisso, nisso, e principalmente isso aqui e isso aqui, antes de vir com esse pensamento pra cima de mim, OK? Uma coisa é 50 tons de cinza, Marquês de Sade e Aleister Crowley. Outra completamente diferente é a presença de seres sobrenaturais na literatura, e o fato de eles servirem de pano de fundo para outras coisas, como por exemplo, explorar as diversas facetas humanas. Dito isto, vamos à resenha.
      Escrito em 1979 por Anne Rice, "Entrevista com o Vampiro" é o primeiro de uma série de livros denominada "Crônicas Vampirescas" - livros esses que terão suas devidas resenhas a seu devido tempo - e foi adaptado para o cinema em 1994, tendo Brad Pitt, Tom Cruise, Kirsten Dunst, Antonio Banderas e Christian Slater nos papeis principais. No Brasil, o livro foi traduzido, não me lembro quando, por ninguém mais, ninguém menos, que Clarice Lispector, um dos maiores nomes da literatura brasileira.
      Podem me chamar de poser, mas a tradução de Clarice - que li em 2010, se não me engano, e faltando páginas no final - é o mais próximo que já li de um trabalho dela até hoje, e devo dizer que gostei muito. Pretendo ler outros trabalhos dela, só esperando tirar os trocentos e tantos outros livros que ainda estão me esperando.
      Sobre o livro, foi a adaptação para o cinema que realmente me despertou para os livros - que eram um inferno de achar até então, já que a Rocco, a editora que os publica no Brasil, estava relançando essa e outras séries da autora com novas capas -, porque até então o único livro sobre vampiros que eu conhecia era Drácula (que ainda é um dos meus preferidos), e Crepúsculo, que, apesar de estar em alta naquela época, definitivamente não fez, não faz, nem nunca fará meu estilo (acreditem, não consegui chegar ao final do primeiro capítulo do primeiro livro, em todas as vezes que tentei ler). A estética e a temática do Entrevista me chamaram muito a atenção, então fui atrás do livro e o encontrei na seção mais negligenciada da Biblioteca Pública (não, PDF não era a opção mais viável até então).
       Desde então, já li a história três vezes - sendo duas em inglês - , e apesar de não ser exatamente a minha preferida da série, ainda sim é uma boa história. Acredito que tenha sido a primeira história de vampiros a contar a história sob a perspectiva de um vampiro, sem necessariamente colocá-lo como vilão. Louis de Point du Lac é um personagem que, apesar de não ser tão "exuberante" como Lestat de Lioncourt - seu antagonista na trama -, consegue prender a sua atenção, te conquista, por assim dizer, te fazendo sentir suas dores, medos e alegrias (que são poucas, mas são alegrias). Seu relato se encaixa de forma assustadora nos relatos de pessoas com depressão (e se levarmos em consideração que Entrevista com o Vampiro foi a forma que Anne Rice encontrou de lidar com o luto pela perda de sua filha pequena para a leucemia, faz bastante sentido que seu protagonista tenha uma espécie de flerte com a depressão), e acredito que seu maior mérito nesse sentido é não colocar a depressão como algo "estético", como muitos fazem, mas como algo pesado, um fardo que somente quem vive - ou convive - com tem ideia de como é. O fato de que os outros personagens na maioria das vezes parecerem não entendê-lo, com exceção de Cláudia, a criança que ele e Lestat transformam em vampiro, e que apesar de envelhecer, é eternamente uma criança (o que praticamente a enlouquece),  também ilustra bem como o depressivo se sente.
       Quanto à Lestat de Lioncourt, o antagonista na trama, parece ser mais do que aparenta. Mesmo que Louis o descreva como um vilão, é importante nos lembrarmos de que esse é um relato em primeira pessoa, portanto, bastante subjetivo, e que Louis e Lestat tem sérias divergências sobre inúmeros assuntos ao longo da trama. E dada a complexidade dos personagens presentes no livro, não se pode dizer que existam vilões e mocinhos na trama de Anne Rice, assim como na vida real, onde podemos ser heróis e vilões ao mesmo tempo. Lestat parece ser mais do que aparenta, porque o pouco que se sabe dele é conhecido através de Louis e Armand, o líder do "Teatro dos Vampiros" (sim, você deve ter se lembrado do Legião, e eu acredito que Renato Russo leu esse livro também),  um vampiro com uns bons séculos de vida, e a aparência de um adolescente andrógino de 17 anos de idade, que é sem dúvida um dos personagens mais enigmáticos da trama, pois nunca se sabe exatamente o que ele quer de quem.
      Por fim, temos o repórter Daniel Molloy, que é o único personagem realmente de fora da trama, assim como o leitor. Ele é apenas um repórter que encontra Louis de Point du Lac em um bar e, descrente quanto à afirmativa deste de que era um vampiro, resolve tirar a prova dos nove. Ele está apenas ouvindo a história, e quer fazer parte dela. Quer ser parte do mundo dos bebedores de sangue, apesar de tudo o que Louis lhe conta. Não se sabe se ele eventualmente consegue, mas certamente ele está tentado, assim como muitos de nós poderíamos nos sentir tentados em seu lugar. Por que não? Coisas muito menores nos tentam, não é mesmo?
      Bom, quanto ao livro x filme, o filme é bom, mas depois que você lê o livro e tenta ver o filme, o sentimento de "Que porcaria é essa?" parece assistir o filme com você. Dentre outros motivos, temos Antonio Banderas, no auge de seus 30 anos, mais masculino impossível, interpretando um vampiro andrógino de 17 anos (porque Tom Cruise aos 30, interpretando Lestat, que tem uns 20, ainda passa). Ele capturou muito bem a essência de Armand, mas sinceramente, não dá. Parece que o filho de Anne Rice está trabalhando em um seriado baseado nas Crônicas Vampirescas (que eu acho mais difícil de sair do que eu de me casar), e espero sinceramente que achem um elenco mais próximo das descrições que a mãe dele fez dos personagens. Se bem que pra mim, Lestat de Lioncourt é Robert Plant na época do Led I, Armand, Jimmy Page nessa mesma época, Louis de Point du Lac, Brad Pitt no filme, e Daniel Molloy, Christian Slater no filme... Mas vou assistir o seriado mesmo assim, ainda que seja pra reclamar que "isso não tava no livro", e pegar um monte de vírus no PC, já que até a Netflix adicionar no catálogo, eu provavelmente já terei pelo menos uns dois filhos, e olha que acho difícil eu me casar!
      Mas e vocês? Já leram o livro, ou viram o filme? Qual a opinião de vocês? Qual - ou quais - vampiro literário é o seu preferido? Conta nos comentários!